quinta-feira, 15 de abril de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Não separe o homem o que Deus uniu”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
“O profundo sono”
 
O Evangelho de Marcos é uma catequese muito concreta para a comunidade, respondendo às questões que a afligiam. Estas questões apresentadas a Jesus eram também apresentadas aos apóstolos. Marcos registrou. São questões que nós também recebemos todos os dias. Hoje temos a temática do matrimônio. A liturgia, no santo evangelho, apresenta a questão do divórcio e na primeira leitura a narrativa da criação e o projeto de Deus para o matrimônio. Jesus se refere a este texto. Ali, na criação, claro que o texto não quer primeiro narrar como foi feito o homem, mas o que é o homem no projeto de Deus, sente profunda solidão porque não encontra “uma auxiliar que lhe seja semelhante a ele entre todos animais” (Gn 2,20). Deus responde a esta questão do homem através da criação da mulher. Mesmo que o texto não queira relatar a história, contudo, traz um elemento fundamental para a compreensão do homem e da mulher. “Deus deu a Adão um profundo sono”. Este sono é simbólico, pois é a noite serena do Espírito onde é criada a mulher. Sono é bom, melhor ainda, dado por Deus. Por que sono? Penso no mistério profundo que existe no ser humano que só Deus conhece. Este mistério é o dom da permanente busca e descoberta que do dom que há na pessoa humana, mais ainda no casal. O homem e a mulher não sabem como o outro foi criado. Por isso não pode desmontá-lo como um brinquedo, mas descobri-lo no amor. A mulher é como a flor eterna: sempre a desabrochar, cada vez mais bela. Não beleza de passarela, beleza, esplendor da divindade. A mulher tem uma beleza que nem o pecado destruiu. Só ela e Deus sabem qual é. Não adianta perguntar. É melhor acolher como dom. 
“Uma só carne, um só amor”. 
E os dois serão uma só carne. Carne, não se trata só da matéria, mas a realidade completa da pessoa. Não é só uma união de corpos, mas a união total, como duas partes de um todo que se completam e tiram um ao outro da solidão que Adão e Eva sentiram antes de serem entregues um ao outro. O homem e a mulher só se descobrem quando são uma só realidade e uma só carne. No sacramento do matrimônio tornam-se único ser espiritual. Por isso não há como separá-los, porque não se corta um ser ao meio. Sem crer neste ser único o casamento ainda não se formou. Deus acreditou no amor, por isso no-lo deu. Ele é libertador. Assim diz a Bíblia: “por isso deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher e serão os dois uma só carne”. Liberta e se torna adulto, não mais criança.
“São apresentadas crianças a Jesus” 
 Assim mesmo, somos convidados a nos tornarmos como crianças: ser um para o outro simplicidade e espontaneidade. Só assim poderemos entender o mal que significa a separação de um casal. Somente com o coração de criança, isto é adulto para Deus, que poderemos entender seu mistério, o mistério da pessoa e a grandeza do único ser matrimonial. Só assim poderemos atingir a vida do Reino. Na separação matrimonial, cortam no coração da criança, a beleza do amor do qual ela é fruto. Esta beleza de amor quando se quebra só tem um remédio: problema de amor, só com amor se cura! 
(Leituras: Gênesis 2,18-24; 
Hebreus 2,9-11; Marcos 10,2-16)
Homilia do 27º Domingo do Tempo Comum
Em outubro de 2003

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