terça-feira, 16 de março de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Eu sou o Pão da vida”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Era a Páscoa dos Judeus
 
São João inicia o capítulo 6a de seu evangelho com estas palavras: “A Páscoa dos judeus estava próxima”. A partir desta frase significativa narra o milagre da multiplicação dos pães. A seguir faz um longo relato no qual Jesus explica a nova Páscoa que vai se realizar na sua morte e ressurreição, e continuada em cada Eucaristia, cada missa. O sentido da vida e Jesus é dar a vida a todos, multiplicando-a abundantemente. Esta é sua passagem ao Pai: “O Pai me ama porque dou a minha vida” (Jo 10,17). A páscoa dos judeus realizava-se em torno de um pão e um cordeiro. A Páscoa de Jesus realiza-se no seu corpo. Ele é o Pão, é o Cordeiro. Os judeus pedem sinais que provem que Ele realiza as obras de Deus (depois da multiplicação dos pães). Dizem: “Moisés deu o Pão vindo do céu, o maná” (1ª leitura – Êxodo 16). Jesus mostra que Ele é o verdadeiro Pão dos Céus. “Dá-nos deste pão” (Jo 6,34), dizem os judeus. “Eu sou o Pão da Vida quem vem a mim não terá mais fome, quem crê em mim não terá mais sede” (Jo 6,35). Quem vem a Jesus e nele crê realiza em si a Páscoa e passa com Jesus para o Pai. 
Quem vem a mim não terá mais fome. 
Com este milagre e seu ensinamento, percebemos a presença e a força de Jesus que muda os rumos de todo o Antigo Testamento e abre, em continuação ao projeto de Deus, um novo modo de ser que passa do símbolo à realidade. O maná chovia do céu em abundância. Agora este alimento que Jesus dá não é mais um milagre, mas é o milagre: Sua pessoa que se faz pão e dá vida. A primeira atitude não é comer o pão, mas crer nEle. Ele é o pão que vem do Céu. Proclama: “Quem vem a mim não terá mais fome” a saciedade está em ir a Jesus e seguí-lo. “Quem crê em Mim não terá mais sede” (Jo 6,34). A sede de Deus que resseca o coração humano é saciada pela pessoa de Jesus. O povo do deserto matou a fome com o maná vindo dos céus, e sua sede foi saciada com a água que veio da rocha. Agora, o pão verdadeiro e o rochedo de onde brota a água é Jesus. Sem Ele não teremos jamais a vida. 
Revesti o homem novo. 
Paulo convida a revestir-se do homem novo, criado à imagem de Deus. Revestir-se significa crer em Jesus, ter o Espírito de Deus e mentalidade de Jesus. O homem novo é aquele que crê em Jesus, Pão Vivo. Trata-se de despojar-se do homem velho, sujeito às paixões e más intenções, que vive à maneira dos pagãos, cuja inteligência leva ao nada. A tendência do homem velho é voltar atrás por um nada, como os judeus que queriam voltar à escravidão do Egito por saudade “das panelas de carne e pão com fartura” (Ex. 16,3). Não se animam às dificuldades do deserto onde encontram a liberdade. A escravidão para o homem velho é melhor, somente por poucos consolos passageiros. O homem novo está se alimentando do pão que sacia para sempre. Este pão é carne de Jesus entregue na Cruz e distribuída a nós através da Eucaristia. O homem novo alimenta-se de um pão novo, descido do Céu, encarnado no meio de nós e sacramental na Eucaristia. 
(Ex. 16,2-4.12-15; Efésios 17,20-24; 
João 6,24-35)
Homilia do 18º domingo do Tempo Comum (03.08)
EM AGOSTO DE 2003

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