A devoção ao Sagrado Coração de Jesus origina-se nos séculos XII e XIII, época em que se salientava a humanidade de Cristo. São Boaventura e os franciscanos contribuíram para difundir esta devoção. Com Santa Margarida Alacoque (s. XVII) o entusiasmo pressionou a Igreja para fazer uma festa universal. Pio IX estabeleceu-a em 1856. Já houve o tempo das primeiras sextas-feiras do mês. Atualmente decaiu bem esta prática. Mas não decai a prática de reconhecer o amor do coração daquele que tanto nos amou. Não celebramos um membro físico, que é símbolo do insondável amor de Cristo. Pelo coração entendemos o amor. O amor de Deus é estremado: compara-se ao amor de uma mãe pelo seu pequenino, como diz o profeta Oséias na primeira leitura: “Eu os atraia com laços de humanidade e de amor” (Os 11,4). Há algo mais belo?
Coração traspassado pela lança.
O Evangelho da missa salienta o golpe de lança que o soldado lhe deu na cruz. Saiu sangue e água. São símbolos da redenção que recebemos da cruz e continua na Eucaristia, prova do amor da redenção. A água do Batismo, que purifica é fecunda. Mas também lembra-nos as fontes de água viva: “Com alegria bebereis do manancial da salvação (Is 12,1-6), “De seu seio brotarão rios de água viva. Ele falava do Espírito que deveriam receber aqueles que nele acreditariam” (Jo. 7,38).
Abriu-lhe o lado.
Numa leitura mística espiritual, segundo o ensinamento de Santa Catarina, o lado aberto de Cristo é a passagem para quem quer viver a vida de Jesus. É por ali que passam os corações que foram feridos pelos dardos do amor de Cristo. O que é entrar pela porta da redenção feita pela lança no peito de Jesus? Tendo percebido o sentido das riquezas do amor de Cristo poderemos empreender a vida sempre com mais vitalidade, espelhando-nos no seu gesto de amor e transformando nossa vida em expressão de seu amor pelos seus queridos. Jesus morreu por amor e não por acaso. Assumiu suas dores para que não tivéssemos que sofrer. Vivendo sua mentalidade de amor misericordioso, damos continuidade, no mundo, àquela fonte que jorra sem cessar de seu lado.
Devoção de amor.
Não temos mais a devoção às promessas do Sagrado Coração. Tantos fizeram a solene entronização do quadro dos Sagrados Corações e as 9 primeiras sextas feiras. Tanto carinho pelos corações de Jesus e de Maria. Formou-se assim uma grande disposição de amor. Mudam-se os tempos, mas não se muda a condição cristã de amar misericordiosamente e confiar ardentemente neste Coração que se tornou para nós garantia de vida. Este coração deve educar-nos a amar e ser como uma mãe para todos os que nos cercam. Na doçura de seu Coração manso e humilde repousem nossos corações. Que cada um que se encontre conosco encontre este lugar dentro do coração de Jesus que ama ternamente. Cem cessar, jorrando fontes de amor. Ser um coração aberto aos sofredores. Sem isso, vã é nossa devoção.
Festa do Sagrado Coração de Jesus
EM JUNHO DE 2003
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