«Levantou os olhos»
Como o rico amava a vida de prazeres, também eu amei os prazeres efémeros, com este corpo animal que é o meu, amei os prazeres insensatos. E de tantos benefícios que me deste gratuitamente não Te devolvi o dízimo do que de Ti havia recebido. Antes julgava que tudo quanto havia sob o meu teto, arrancado à terra, ao ar e ao mar, inúmeros benefícios teus, que tudo isso era propriedade minha. De tudo isso, nada dei ao pobre, nada pus de lado para as suas necessidades: nem alimento para o faminto, nem roupa para o corpo nu, nem abrigo para o indigente, nem morada para o hóspede estrangeiro, nem visita para os doentes, nem cuidado dos prisioneiros (cf Mt 25,31s). Não me entristeci com a tristeza do homem triste, pelo que lhe pesava; nem partilhei a alegria do homem feliz, antes sofri de inveja por causa dele. Todos eles são outros Lázaros que jazem à minha porta. E eu, surdo aos seus apelos, não lhes dei as migalhas da minha mesa. Lá fora, os cães da tua Lei consolavam-nos ao menos com a língua; mas eu, que conhecia os teus mandamentos, com a língua feri o que se assemelhava a Ti (cf Mt 25,45). Dá-me arrependimento no mundo, para que faça penitência pelos meus pecados. Para que as minhas lágrimas detenham a fornalha ardente e as suas chamas. Afasta esta conduta de homem sem misericórdia, estabelece no mais fundo de mim a piedade misericordiosa, para que, ao praticar a misericórdia com o pobre, também eu possa obter misericórdia.
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