Ele pertence ao grupo dos chamados «Padres Apostólicos», quer dizer, discípulos dos primeiros Apóstolos, e foi Bispo e Mártir. São Policarpo – nome que significa: «muito fruto» – deve ter sido discípulo de São João, o autor do 4° Evangelho.Por sua vez, teve ele um aluno, que até o superou, tornando-se até mais célebre. É Santo Irineu, apóstolo da França. Esse mesmo Irineu lembra que Policarpo enviava cartas às comunidades vizinhas e a alguns irmãos, em particular, para os ensinar e os admoestar. Conserva-se até hoje sua belíssima Carta aos Filipenses. Também nos foi transmitida a narração do seu martírio, com as suas últimas palavras, proferidas com muita suavidade perante o juiz que o condenava. Dizia ele: «Finges ignorar quem eu sou? Escuta-o com toda clareza: eu sou cristão». Foi então queimado vivo. Corria o ano de 155. Ser cristão é uma graça, mas também, uma honra, Igualmente, um compromisso com o Evangelho.
Policarpo teve a felicidade de conhecer e abraçar a fé cristã ainda menino, tendo sido instruído pelos próprios apóstolos, em particular, por São João, o Teólogo quem, mais tarde, o nomeou Bispo de Esmirna, cidade da Ásia Menor. Policarpo governou a Igreja de Esmirna por quarenta anos. O resplendor de suas virtudes o projetava como a cabeça e primeiro de todos os bispos da Ásia; era ainda venerado por todos os fiéis a ponto de não deixarem ele mesmo tirar seus sapados ou sandálias, apressando por fazê-lo para ter o privilégio de tocá-lo. Policarpo conquistou e formou muitos discípulos, do mesmo modo como ele próprio havia sido tratado pelos apóstolos. Santo Irineu, bispo de Lião, na França, foi um deles, Tudo o que dizia era perfeitamente de acordo com as Sagradas Escrituras, como referido pelos que haviam sido testemunhas oculares do Verbo, e da Palavra de Vida, Seu zelo pela pureza da fé era tal, segundo afirma o mesmo Santo Irineu, que quando algum erro era dito em sua presença, tapava seus ouvidos e dizia: «Para que tempo me reservaste?» E fugia imediatamente.
Após o martírio de São Germânico e de outros mártires, o povo de Esmirna começou a reagir com irritação: «Que os ímpios sejam exterminados! Que tragam Policarpo!» – Haviam escondido o santo bispo numa casa de campo, mas os que o buscavam conseguiram encontrá-lo, O santo encontrava-se num aposento, no alto, e teria conseguido se salvar se quisesse, mas se recusou, reagindo com estas palavras: «Faça-se a vontade de Deus», Os soldados, vendo sua idade e firmeza, não se atreviam a cumprir a missão, O santo então pediu para que lhe preparassem a ceia e que lhe dessem uma hora para rezar em liberdade, Tendo sido concedido, cheio da graça de Deus orou de pé por duas horas pedindo por todos os seus conhecidos e encomendando a Deus a sua Igreja.
Assim que chegaram à cidade, apresentaram-no ao governador da província que lhe interrogou se era mesmo Policarpo, Ele respondeu que sim, O magistrado então o instou a que renunciasse sua fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, Policarpo lhe respondeu: «Eu já o sirvo há oitenta e seis anos, e nunca me fez nenhum algum. Como poderia blasfemar contra meu Rei que me salvou? » O pró cônsul o ameaçou de ordenar que fosse jogado às feras, A resposta de São Policarpo foi que, a ele seria de mais vantagem passar dos suplícios à perfeita justiça, «Pois, já que não temes as feras, ordenarei que sejas queimado vivo por tua desobediência», O santo lhe respondeu: «Ameaças com um fogo que, em algum momento, se apagará porque não conheces o fogo eterno que está reservado aos ímpios, Mas, o que te detém? Faça logo o que queres», Irritado, o pró cônsul o condenou que fosse atirado ao fogo, Policarpo então desnudou-se a si mesmo e, como quisessem amarrá-lo a um poste, disse: «Deixe-me que assim terei mais força para padecer no fogo e a graça de deixará permanecer imóvel sobre a fogueira, sem necessidade dos cravos», Contentaram-se, pois, com amarrar-lhe as mãos às suas costas, Assim, elevou os olhos aos céus, deu graças à Santíssima Trindade pela honra de ser um dos mártires por Nosso Senhor Jesus Cristo, e lhe suplicou que o recebesse qual sacrifício de agradável aroma, Terminada sua oração, acenderam o fogo; mas, ao invés de as chamas consumirem seu corpo, o rodearam formando como que uma muralha de proteção, e de seu corpo exalava um suave perfume. Ainda mais irritados por este milagre, os pagãos o partiram com uma espada, O sangue que verteu do ferimento foi suficiente para apagar o fogo, Assim, São Policarpo chegou ao fim de seu sacrifício e de sua vida terrena.
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