quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Sofrimento e Ressurreição”.

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Mistério de dor.
 
Canta o salmo 30,3: “de tarde vem o pranto, de manhã, os gritos de júbilo e alegria”. Contemplando a vida de Jesus, podemos constatar esta dupla realidade: sofrimento e ressurreição. Paulo aos Filipenses completa: “Ele... humilhou-se e foi obediente até à morte e morte de cruz! Por isso Deus o sobre-exaltou grandemente” (Fil 2,8-9). Assim é a vida humana: nasce-se chorando, morre-se entre lágrimas. Mas há uma continuação de alegria na vida que dura. Podemos perguntar o porquê de tanto sofrimento? Passamos por sofrimentos incompreensíveis como Jesus. No seu mistério de ressurreição Ele acentua que devia sofrer, não para dar um exemplo, mas porque faz parte da passagem para a glória do Pai. As pessoas, quanto melhores, mais sofrimentos carregam na vida. 
O Cristo deveria sofrer. 
Jesus, ao se encontrar com os discípulos depois da ressurreição, declara: “o Cristo deveria sofrer e ressuscitar dos mortos no terceiro dia, e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações”, como havia anunciado (Lc 9,22). Por que sofrer? João explica: “Ele é vítima de expiação pelos nossos pecados e não só pelos nossos, mas também pelos pecados do mundo inteiro” (1Jo 2,2). Nos cânticos do servo de Javé encontramos: “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores” (Is 53,4). Sendo parte de nossa humanidade sofre a fragilidade, sendo salvador da dor da humanidade, assume todas as dores e pecados de todos os homens de todos os tempos e assim se torna a vítima de expiação e traz o perdão e a redenção para todos. 
Cristo ressuscitará ao terceiro dia. 
Para provar que era Ele mesmo, pede algo para comer, e lhe dão um pedaço de peixe. Está vivo, pois morto não come. Ao terceiro dia significa que seu corpo não chegou a se corromper na sepultura. Ele se torna presente a testemunhas que estarão à base do testemunho de fé. Os discípulos crêem ver um fantasma porque é preciso a fé para que os olhos vejam a dimensão da ressurreição. É preciso experimentá-lo vivo na fé. “Jesus abriu-lhes a inteligência para compreenderem as Escrituras” (Lc 24,45). A Palavra de Deus, lida com olhos abertos pela fé, leva ao entendimento da Palavra e a uma vida sem pecado. “Neste, o amor de Deus é plenamente realizado”. O amor do Pai pelo Filho e do Filho para com o Pai é a causa e o motivo da ressurreição. O amor não deixa corromper o corpo. Pelo mesmo amor, cada um de nós vive; e é o amor que não deixa morrer o que fazemos e somos. 
Não perder o sofrimento. 
Nas dores e incompreensíveis sofrimento, devemos nos unir a Cristo; Só nele podemos entender a dor e o sofrimento e torná-los redentores e causa de conversão. O pecado é a causa das dores do mundo. O amor pleno que temos em nós, e se revela na observância dos mandamentos, é causa de redenção nossa e do mundo. Assim seremos testemunhas da ressurreição e podemos dizer como o Cristo: A paz esteja convosco.
(Leituras: Atos 3,13-15.17-19; 1 João 2,1-5a; Lucas 24,35-48)
Homilia do 3º domingo da Páscoa (04.05)
EM MAIO DE 2003

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