sábado, 20 de fevereiro de 2021

137. O BEIJO DO MOÇO FEIO

PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO
REDENTORISTA
VICE-POSTULADOR DA CAUSA
VENERÁVEL PADRE PELÁGIO SAUTER
MISSIONÁRIO REDENTORISTA
Um casal de namorados vai indo para a praia de Santos. 
Ela, praticamente, sem os pais saberem. 
Pretendem executar vários programas, nem todos muito decentes. 
No mesmo ônibus tinha entrado um rapaz corpulento, cabeça de nordestino. 
O que mais chamou a atenção foram seus dentes. 
Era uma dentadura horrível que quase o impedia de fechar a boca. 
Todos se admiraram, mas não disseram nada. 
Somente Marlene, namorada do João Carlos, cochichou para ele: 
-Reparou os dentes dele? Aposto que não consegue beijar ninguém. Só daria para morder. 
Chegaram à praia. 
O casal se divertia na areia, exibindo suas roupas sumárias de banho. 
O rapaz desconhecido preferiu um canto sossegado para se banhar e recuperar as forças. 
Parecia ser um operário. 
Lá pelas tantas, alguns gritos: 
- A moça está se afogando. Socorro. 
Era o namorado que gritava. 
Afobado ia dizendo: 
-Ela já deve estar morta. Em que enroscada eu fui me envolver. 
João Carlos deixou seu sossego e foi fazer o que podia. 
Com muito esforço trouxe a jovem para a praia. 
Não dava sinal de vida. 
Aplicou várias técnicas que aprendera. 
Mas nada. 
Por fim, o último recurso: 
Boca a boca soprou fortemente, insuflando ar no peito de Marlene. 
De repente: 
- Está salva. 
Começou a respirar. 
Justamente o “moço feio” que só saberia morder em vez de beijar devido à dentadura saltada fora da boca, foi quem a salvou. 
O namorado, entretanto, nem sequer se dignou atirar-se à água. 
Fez pior. 
Chegando a São Paulo, pediu que o “moço feio” a acompanhasse até sua casa, pois não queria ouvir as repreensões dos pais dela. 
Ficou eternamente grata àquele rapaz de quem falara tão mal, mas que o salvou de duas tragédias: da morte e, quem sabe, de “outras” aventuras. 
(Resumo de um conto do Pe. Heber Salvador de Lima SJ)

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