O que pode significar pedir uma bênção? Iniciamos o ano com uma ordem e um desejo de bênção. Deus manda abençoar o povo. E nós queremos bênção. O que se espera desse ano? O atual trouxe suas grandes diferenças. Queremos outro que também terá sua diferença. Mas não tem nenhum à venda. Então, temos que nos voltar para o Pai e pedir sua bênção, quer dizer: “Fica conosco!” Ele quer estar presente. O que quer significar uma benção? Assim nos ensina o livro dos Números: “Ao abençoar os filhos de Israel, dizei-lhes: O Senhor te abençoe e te guarde. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!” (Nm 6,22-27). Essa bênção é tudo o que Deus quer oferecer e o que o homem tem necessidade. Devemos entender dessas palavras o que o homem espera de Deus. “Que faça brilhar sua face”: Haja entre Deus e nós um relacionamento tão próximo como de quem olha nos olhos. Deus olha todos. Por isso pedimos que faça brilhar sobre nós sua face. É brilho que atrai. O que pedimos, em nossa fragilidade, é que se compadeça de nós. Compadecer-se é olhar com ternura que abraça. Que não vire as costas para nós. Sabemos que sem Ele perdemos toda segurança. Olhar para nós é garantir a certeza do caminho. Assim podemos ficar em paz. Dar a bênção a alguém não é tirar algo de nós, mas dar o Deus que está em nós para amarmos com Ele.
Abba, Pai!
Jesus nos ensina a ser criança no relacionamento com Deus, chamando de Abba - Pai. Criancinha é a totalidade da ternura e do amor. O Abba de Jesus quer dizer Paizinho. O relacionamento com Deus do judaísmo, Jesus o modifica para o Deus carinho e cheio de ternura. Por que ter medo de Deus? Temos aqui o princípio de todo o relacionamento com Deus. Pena que a piedade levou para outros lados do intimismo e vazio, a pregação para o temor, a liturgia para o formalismo, a moral para o puritanismo. Na verdade, não temos nada de criança no relacionamento com Deus. Rezamos decorado ou lido. Não rezamos com o coração. E quem pode nos ensinar a nos relacionar com o Pai é justamente o Espírito Santo que intercede por nós com gemidos inefáveis (Rm 8,26-27). É a língua do Espírito, como o balbuciar da criança enquanto manifesta o carinho com quem a embala. Por isso, podemos pensar que a celebração que abre o ano é a Maternidade Divina. O ano começa no colo da Mãe. Temos aí a imagem dos pastores que vão ao presépio. É a expressão da ternura de Deus. Seus pequenos filhos humildes são os primeiros a ouvir o anúncio do nascimento. Para a sociedade não resolveu nada. Mas para o coração de Deus, a intenção de começar pelo lugar certo: no coração aberto. Ouviram o anúncio e foram ver.
Cofre do Coração
Ali, a Mãe, com o Menino deitado no cocho é a imagem da ternura. Os pastores são espontâneos com Maria: chegaram e contaram. Os que ouviam ficaram maravilhados. O encanto vai ao coração. E Maria, guardava esses fatos e meditava sobre eles em seu coração: o cofre da ternura. Ali está o triturador de tudo que se passava. Na ternura decantava lentamente as maravilhas de Deus. São as duas imagens para esse ano: a criança que balbucia a oração e ocoração que acolhe o que Deus fala através do que a vida traz. Essa é a grande bênção para o novo ano. Quem sabe podemos ter um ano diferente, ao menos dentro de nós. A vida é o que eu faço dela. Deixemos o Nenê Jesus agir em nós.
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