sábado, 9 de janeiro de 2021

EVANGELHO DO DIA 9 DE JANEIRO

Evangelho segundo São João 3,22-30. 
Naquele tempo, Jesus foi com os seus discípulos para a região da Judeia e ali convivia com eles e batizava. Também João estava a batizar em Enon, perto de Salim, porque havia ali águas abundantes e vinha gente para ser batizada. João, de facto, ainda não tinha sido lançado na prisão. Então levantou-se uma discussão entre os discípulos de João e um judeu, acerca dos ritos de purificação. Foram ter com João e disseram-lhe: «Rabi, aquele que estava contigo na margem de além-Jordão, aquele de quem deste testemunho, está a batizar, e toda a gente vai ter com Ele». João declarou: «Um homem não pode tomar nada como próprio, se isso não lhe for dado do Céu. Vós mesmos sois testemunhas de que eu disse: "Eu não sou o Messias, mas apenas o enviado à sua frente". O esposo é aquele a quem pertence a esposa; mas o amigo do esposo, que está ao seu lado e o escuta, sente muita alegria com a voz do esposo. Pois esta é a minha alegria! E tornou-se completa! Ele é que deve crescer, e eu diminuir».
Tradução litúrgica da Bíblia 
Santo Agostinho(354-430) 
Bispo de Hipona(norte de África), 
doutor da Igreja 
Sermão no nascimento 
de São João Batista 
Crescer ou diminuir? 
«Ele é que deve crescer, e eu diminuir»
Em João, a justiça humana atingiu o auge possível para o género humano. A própria Verdade (cf Jo 14,6) dizia: «Entre os nascidos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Batista» (Mt 11,11), por isso nenhum homem podia superá-lo. Mas ele era apenas homem, enquanto Jesus era Homem e Deus. E porque, segundo a graça cristã, nos é pedido que não nos gloriemos a nós próprios, mas que «quem se gloria, se glorie no Senhor» (2Cor 10,17), por esse motivo diz João: «Ele é que deve crescer, e eu diminuir». É óbvio que, em Si próprio, Deus não pode aumentar ou diminuir. Mas nos homens, à medida que a verdadeira vida espiritual progride, cresce a graça divina ao diminuir o poder humano, até que a Igreja de Deus, formada por todos os membros do Corpo de Cristo (1Cor 3,16), alcance a perfeição a que foi destinada, e todas as dominações, poderes e autoridades desapareçam, para Deus ser «tudo em todos» (Col 1,16; 1Cor 15,28). «O Verbo era a luz verdadeira, que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina e todos nós participamos da sua plenitude» (Jo 1,9.16). Em Si própria, uma luz destas é total, crescendo naquele que é iluminado, que se vê diminuído quando se destrói tudo o que nele havia sem Deus. Porque sem Deus o homem só pode pecar, e esta capacidade humana diminui assim que a graça divina triunfa do pecado. A fraqueza da criatura cede então ao poderio do Criador e a vaidade do nosso egoísmo desmorona-se perante o amor que preenche todo o Universo. Do fundo do nosso infortúnio, João Batista proclama a misericórdia de Cristo: «Ele é que deve crescer, e eu diminuir».

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