quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “A Mulher, um grande sinal”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Neste dia 12 de outubro,
temos a alegria de comemorar a grande vitória do povo de Deus: uma de nossa raça tornou-se não somente a grande Mulher, humanidade ressuscitada e glorificada junto de Deus, mas também a afabilidade de uma mulher, mãe, enegrecida na cor, presença amorosa no meio do povo como Mãe Aparecida, Perpétuo Socorro do povo brasileiro. É belo ver as multidões passarem diante da imagenzinha de pouco mais de 30 centímetros de altura, mas de milhões de quilômetros de afeto e acolhimento ao povo que a ama. Claro que não nos fixamos na imagem, mas na beleza que seu símbolo representa. A liturgia de hoje une a Palavra de Deus a uma realidade do povo a caminho, em romaria. 
A imagem da Senhora Aparecida é a Imaculada Conceição, a mulher do Apocalipse, como diz a primeira leitura (Apocalipse 12), vestida de sol, coroada de estrelas e tendo a lua a seus pés. Está grávida e grita de dores para dar à luz. O dragão quer comer-lhe o filho. O dragão é o demônio que quer destruir os filhos da Igreja. Arma-lhes tremenda perseguição como fez no tempo de João. Maria coroada de estrelas, tendo o sol como vestido e a lua como suporte, simboliza, além da superação da idolatria, a união de todo o universo que entra na glorificação da Mulher e de seu Filho. 
Esta Mulher é a rainha intercessora pelo povo de Deus. Como Ester, pede a Deus que salve seu povo. Deus se encantou dela, como diz o Salmo. A intercessão misericordiosa de Maria é relatada nas Bodas de Caná, onde, não só está presente, mas está solícita para com as necessidades de todos. Maria não quer ver os noivos em má situação. Não quer ver seus filhos sofrerem pela falta do vinho, e conquista-lhes o vinho novo do Reino. Estes filhos foram conquistados pelo sangue de Cristo e dados a ela ao pé da Cruz. Maria não só intercede, mas está presente onde os filhos se encontram, como em nosso santuário, novo lugar da festa de Caná, onde Jesus está presente e ouve sua súplica. 
A oração da missa, de rara beleza, eleva a Deus o seguinte pedido: “O povo brasileiro, fiel a sua vocação e vivendo na paz e na justiça, chegue à pátria definitiva”. Qual é a vocação do povo brasileiro? Como vive na justiça e na paz? É uma oração de programa de governo. A mente religiosa do povo não se fixa num progresso sem fé, mas num progresso que conduz à pátria celeste iniciando aqui e agora. 
Esta celebração faz-nos contemplar a pequena imagem negra e ver nela o caminho para nosso povo. Ela era branca e colorida. Mas misturou-se com o barro do rio Paraíba e assumiu a cor morena de nosso povo. Mesmo sofrido nosso povo é feliz. Se contemplarmos a imagem, vemos flores nos cabelos, que são longos como dos índios. Seu vestido e manto são bem trabalhados. Está de mãos postas em oração. Assim nosso povo: tem consciência que a dureza da vida não lhe tira o direito de viver e estar belo diante de Deus, misturando-se nas diversas comunicações de vida, sobretudo na oração com Deus e os irmãos. (Leituras: Ester 5,1-2.7,2-3; Apocalipse 12,1.5.13.15-16; João 2,1-11) 
Homilia para a festa de N.S.Aparecida 
Em outubro de 2002

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