terça-feira, 10 de novembro de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “O pouco com Deus é muito!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Este mês de agosto
é dedicado às mais diversas vocações. É uma temática bonita, útil, contudo desligada do conjunto das leituras do Ano Litúrgico. S. Mateus, nesta parte narrativa do discurso sobre a Igreja, proclama o milagre da multiplicação dos pães. Em lugar de discursos explicativos, normativos, Jesus faz milagres, entra no concreto da vida. Encontramos aí seu pensamento sobre a vida que Ele quer para seu povo, sua Igreja. Em lugar de dizer: a vida cristã é repartir, Ele multiplica o pão. Vivendo, ensina a viver. 
O evangelho de hoje nos traz a primeira multiplicação dos pães. A realidade estava ali diante dos olhos: um povo faminto. Qual a resposta? A compaixão e a generosidade de colocar juntos o pouco que se tem e multiplicá-lo. Jesus faz o milagre e ensina como faze-lo. Ele não é um mágico que esconde o segredo de suas mágicas. Ele faz o milagre e é como dissesse, agora você faça a mesma coisa. É assim que se faz: nós somos muitos os necessitados. Cada um tem um pouquinho, nada mais que cinco pães e dois peixes. O segredo é juntar o pouco que se tem e compartilhar. Claro que o milagre multiplica, mas a solução para nós é unir a fraqueza para fazer a força. Ainda mais, no final, acaba sobrando. É a experiência de lanches comunitários: cada um traz um prato. Dá e sobra! 
O texto de Isaías na primeira leitura traz-nos o exemplo de Deus. O Deus da Aliança abre seus tesouros. “Ó vós todos que estais com sede vinde às águas, vós que não tendes dinheiro, apressai-vos, vinde e comei, vinde comprar sem dinheiro, tomar vinho e leite, sem nenhuma paga!..Farei convosco um pacto eterno”. Da parte de Deus temos a fonte de toda a abundância. Se ouvirmos sua palavra teremos a vida. Deus abre suas riquezas à disposição de todos. O Salmo canta: “Vós abris a vossa mão e saciais todo ser vivo com fartura”. Deus, em Jesus, mostra esta prodigalidade. Jesus, fazendo este milagre está ensinando que a vida da comunidade cristã não é para acumular bens, mas multiplicar os bens, o que é muito mais vantajoso. Vemos assim, que toda teoria econômica do mundo vai ao contrário do Evangelho. Somos muito mais ricos que antes, mas a miséria é muito maior. Muita riqueza concentrada em mãos de pouco e pouca partilha! A comunidade não quer tomar nada de ninguém, quer que os bens de todos se multipliquem. Os que partilham e ajudam, são justamente os que pouco possuem. 
Quando vamos entender esta proposta? Quando tivermos em nós o amor de Cristo, como diz Paulo em sua carta. Nada nos separará do amor de Cristo. Se aderirmos ao amor de Cristo, podemos tranqüilamente viver em segurança no pouco ou no muito. 
Hoje celebramos o dia do padre, do sacerdote de nossa comunidade. Ele preside às nossas celebrações e partilha conosco o pão de sua vida, de sua palavra e de seu carisma pessoal. Justamente hoje temos a multiplicação dos pães. Somos, como sacerdotes, tão pequenos, mas se nos entregamos para ser partilhado, nossa vida se multiplica e ajuda a viver. Deus quer de nós um coração que ame como Ele ama seu povo. Ame seu sacerdote!
Homilia do 18º Domingo do Tempo Comum 
Redigida e publicada em Agosto de 2002

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