domingo, 15 de novembro de 2020

Homilia do 33º Domingo Comum (15.11.20)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
“Tu me deste um tesouro”
Dar muito fruto 
A parábola do dinheiro (talentos) a ser aplicado parece ser somente um problema de má administração financeira. No contexto evangélico, esse texto segue o texto sobre as dez virgens que fala sobre a vigilância. Aqui apresenta o modo de vigiar: produzindo o que Deus nos oferece. Logo segue o texto do grande julgamento. O evangelista encerra o tempo da pregação e passa para a Paixão. No tema da vigilância e espera da vinda do Senhor, a liturgia escolhe, como exemplo, o texto de Provérbios sobre a mulher forte e virtuosa. O talento é uma moeda e não um dom. Cada talento corresponde a 40 kg de ouro. O homem entregou todos os seus bens aos seus funcionários, para que os administrassem. Um recebeu 10, outro 5, e o outro um. Os dois primeiros duplicaram o que receberam. O que recebeu um não fez nada. Dá a desculpa da severidade do senhor. Sua condenação é total. Na perspectiva da vigilância e espera da vinda do Senhor, o tempo deve ser dedicado para multiplicar os muitos dons que recebemos, tanto humanos como espirituais. Quem não procura o crescimento espiritual não crescerá diante do Senhor. Sem o crescimento humano de modo completo, também não crescerá espiritualmente. Deus não quer casca, nem fantasia espiritual. Não se pode dar desculpas espirituais para evitar o crescimento humano para o bem do mundo. A riqueza tem sentido se produz felicidade e bem estar aos outros. É a melhor maneira de fazê-la crescer equilibrando o mundo. A miséria do mundo também vem da miséria espiritual dos que têm bens. 
Mulher imagem 
A primeira leitura da celebração nos domingos, no tempo comum, é um desenvolvimento da temática do evangelho. Os dons que nos foram dados para viver do Reino de Deus são concretos e não bons desejos espirituais ou preces vazias. O texto do livro dos Provérbios sobre a “mulher forte” é um exemplo de quem vive, no dia a dia, o Reino de Deus em sua atividade de mãe família. Há uma tendência muito grande de designar o Reino somente para elementos espirituais. O Reino não se identifica como uma dimensão da vida, ao lado de outras que podem parecer mais importantes. Ele é o fundamental. A partir dele que se deve organizar a vida. Onde o Reino penetra, assume sua condição de Reino de Deus. Assim é a mulher forte. Ela vale muito. Unida ao marido lhe dá alegria. É o esteio da casa. É aquela que produz. Mas sabe igualmente cuidar dos pobres. E o escritor sagrado diz: “A mulher que teme ao Senhor, essa sim, merece louvor” (Pr 31,30). Lembramos de nossas mães. Papai dizia: “Sua mãe foi uma grande mulher”. Não podemos nos fixar só na mulher, mas ir à grande mãe que é a Igreja. Ela não é somente um lugar ou um grupinho, mas é a mãe forte de tantos filhos. É mãe ocupada que se dedica a todas as situações de seus filhos. Mas querem que fique sem vigor para mudar o mundo. 
Filhos da Luz 
Paulo nos convida a estar vigilantes, pois o Senhor está para vir a qualquer momento (1 Ts 5,2). Sem ter a intenção, ele fecha o assunto. É preciso estar atento, pois “não somos filhos das trevas, mas filhos da luz e filhos do dia” (1Ts 5,5). Caminhamos de dia não deixando que a trevas nos dominem. As obras das trevas estão presentes em nosso cotidiano. Sempre há trevas nos rodeando. A defesa contra esse mal é “temer o Senhor e trilhar seus caminhos”. A vida cristã é uma batalha. Não contra seres espirituais, mas contra os males que nos cercam. Por isso, espiritualidade aérea é pior que o mundo mau. 
Leituras: Provérbios 31,10-13.19-20.30-31; 
Salmo 127; Mateus 25,14-30. 
1. Não se pode dar desculpas espirituais para evitar o crescimento humano para o bem do mundo. 
2. Há uma tendência de se designar o Reino somente para elementos espirituais. 
3. As obras das trevas estão presentes em nosso cotidiano. 
Assaltando o banco 
Há muitos modos de assaltar um banco. Não são os bandidos que fazem os maiores males. São os próprios donos que têm o poder nas mãos. Isso nós temos visto. Assaltar o banco de nossa vida é também não aproveitar o que podemos produzir, tanto humana como espiritualmente. Para isso não tem limites. Se não cresço prejudico o Reino. Roubar o banco de Deus não é só não fazer render os bens espirituais, mas também os bens humanos pessoais e os do mundo. Vemos, por exemplo, que muitas das invenções de nossa ciência foram feitas por sacerdotes que deram valor ao ser humano e ser mundo.

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