quinta-feira, 8 de outubro de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “Não vos deixarei órfãos”.

PADRE LUIZ CARLOS DE OLI VEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE

O tempo
da Páscoa aproxima-se da realização plena do Mistério Pascal de Cristo, isto é, a Ascensão de Jesus e a descida do Espírito Santo. Jesus, indo para junto do Pai, envia o Espírito Santo. Ele mesmo dissera: “é bom para vós que eu vá, pois se eu não for, não virá a vós o Espírito” (Jo 16,7). A missão do Espírito será de levar a efeito, no coração e na vida dos fiéis, tudo aquilo que Jesus nos trouxe e fez por nós com sua vida, morte e ressurreição. “Quando o Espírito vier, ele vos ensinará toda a verdade” (Jo 16,13). A obra de Jesus sem a vinda do Espírito permaneceria sem efeito. Podemos ver que os apóstolos começaram a entender, anunciar e a viver tudo o que tinham aprendido de Jesus, somente deps de sua vinda do Espírito Santo. 
A sensação que se tem com a volta de Jesus ao Pai é de abandono e solidão. Mas Jesus é claro: “Não vos deixarei órfãos”. “Se me amais, guardareis os meus mandamentos, eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará um outro defensor para que permaneça sempre convosco”. Nossa vida na Igreja supõe a ação permanente do Espírito Santo. Todos recebem o mesmo Espírito. Não existe nem mais, nem menos Espírito. Ele é uma pessoa completa, Deus com o Pai e o Filho. Não há meias medidas. O que pode haver é maior ou menor colaboração de nossa parte. Nos vamos ao Pai em Jesus, mas no Espírito Santo. Tudo que se refere a nossa vida cristã, é feito sob a ação do Espírito. Não há o que temer pelo fato de não ter a presença de Jesus visível e palpável, pois a ação do Espírito é completa. Jesus não nos deixou órfãos. Mais ainda: deixou-nos muito seguros. 
Exemplificando a ação do Espírito e sua necessidade junto com o Batismo, podemos ver a pregação de Filipe em Samaria: converteu e batizou muita gente. Mas era preciso receber o Espírito. Quem o dá? o gesto bonito da imposição das mãos dos apóstolos. São eles, e seus sucessores, os ministros do dom do Espírito. Jesus não só nos dá o Espírito, mas concede uma garantia e facilidade para recebê-lo: a imposição das mãos sacramental através dos ministros para isto ordenados. Continuamos na linha da encarnação de Jesus: Ele para vir ao mundo necessitou da natureza humana. Para continuar sua obra de redenção e santificação quer também o concurso da pessoa humana. Ele não nos deixou órfãos, mas continua seu amor e sua proteção através das pessoas. 
Por isso, temos o que dizer aos que pedem uma explicação sobre nossa vida, ou nos questionam: S. Pedro escreve para nós: “Estai sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pedir”. Estar pronto significa conhecer, viver e anunciar, mesmo em meio aos sofrimentos e perseguições. Nossa vida será sempre uma bela resposta a quem quer saber o que somos. Não estamos órfãos. 
(Leituras: Atos, 8,5-8.14-17; 
1 Pedro,3,15-18; João 14,15-21)
Homilia do 6º Domingo da Páscoa
5 DE MAIO DE 2002

Nenhum comentário:

Postar um comentário