Capacidade de síntese
Jesus caminha para a realização da vontade do Pai. O evangelista mostra, através das investidas dos inimigos, o núcleo de seu ensinamento. A questão agora é a fonte síntese de toda a lei. O que dá sentido a todo o ensinamento e prática da vida do povo de Deus? Jesus responde com os dois mandamentos: amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento. É o homem todo. E já emenda: amarás o próximo como a ti mesmo. Toda lei e os profetas dependem desses dois mandamentos (Mt,22,40). Eles se resumem também a vida e missão de Jesus. As palavras sobre o maior mandamento são a síntese de tudo o que Deus quer para o mundo. Para isso enviou o Filho. Por elas podemos entender que Jesus está indicando o que significará sua Paixão. São elas que nos manifestam o Mistério Pascal em seu conteúdo. É bom notar que o amor a Deus só existe quando acontece no relacionamento com o próximo. Quando se buscam outros fundamentos para a fé cristã, como por exemplo, a tradição ou princípios espirituais, é porque queremos escamotear aquilo que nos compromete. Contemplemos os movimentos espirituais, as espiritualidades, os métodos de oração, as manias religiosas! Não se importam com o amor ao próximo. Não se trata de um amor espiritualizado. Tem que ser concreto, com as mãos na massa, sujando nossos pés. Comprometer-se com o próximo como se fosse um outro eu. É o único caminho para o Céu. Jesus dizia que “estreita é a porta e apertado o caminho que conduz à vida. E poucos são os que o encontram” (Mt 7,14).
O grito do oprimido
No livro do Êxodo, na secção do Código da Aliança, nos capítulos 21-23, há uma legislação voltada para os necessitados. Deus, como “parente do pobre”, o defende e protege através do próprio povo. Cuida do estrangeiro, do órfão e da viúva, dos endividados, e dos trabalhadores. O cuidado de Deus é como o da mãe que se levanta para ver se o filhinho está coberto. E ai de quem não respeitar o pobre que clamar a Deus. Começa pelo estrangeiro: “Não maltrateis o estrangeiro porque fostes estrangeiros” (Ex 22,20). É preciso compreender sua situação, pois Deus compreendeu a situação do povo oprimido. O órfão e a viúva eram os mais explorados por não terem direitos nem aonde recorrer, a não ser o coração ferido do Pai. Esse tem ouvidos apurados. E defenderá com rigor os pobres endividados: “Não se pode lhes cobrar juros”. O cuidado com aqueles que deram algo em penhor, vai ao ponto de Se preocupar que não passem frio. O que falta ao pobre está na conta de Deus que vai cobrar caro. “Se clamar por Mim, Eu o ouvirei porque sou misericordioso” (Id 21-26). Ele tem ouvidos atentos ao pobre.
Fé que supera
Paulo mantém um belo relacionamento com as comunidades que iniciou com sua pregação. Não atraia a si, mas a Cristo: “Vós vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, acolhendo a Palavra com alegria do Espírito Santo, apesar de tantas tribulações” (1Ts 1,6). Assim se tornaram modelo e missionários; Sua fé levou muitos outros a abandonarem os ídolos e aderiram ao Deus Vivo. Desse modo podemos afirmar que as comunidades vivas são grandes e mais eficientes evangelizadoras. Por isso podemos ver como dizem os evangélicos: “venha à minha igreja”. Todos são responsáveis individualmente e em comunidade pela evangelização. A celebração eucarística é a primeira comunidade evangelizadora. Evangeliza renovando-se e se renova evangelizando.
Leituras: Êxodo 22,20-26; Salmo 17;
1 Tessalonicenses 1,5c-10;Mateus 22,34-40.
1. O mandamento do amor é a síntese do que Deus quer. Para isso enviou o Filho.
2. Deus, como “parente do pobre”, o defende e o protege através do próprio povo.
3. A celebração eucarística é a primeira comunidade evangelizadora.
Farra do amor
Que farra! Ninguém fala isso do trabalho. O amor abre espaço a todo tipo de farra. O amor sustenta a alegria, sara as dores e conserta os estragos do ódio. É o que ensina Jesus sobre o maior mandamento. Resume toda a lei.
Há quem ligue o amor a uma farra desordenada. Jesus liga o amor farrista ao cuidado com os muitos descuidos que temos com a pessoa dos necessitados, como lemos nos mandamentos do livro do Êxodo. Essa farra não só dá alegria como a multiplica. E o Pai diz amém.
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