PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 52 ANOS CONSAGRADO 45 ANOS SACERDOTE |
Vivemos a alegria da ressurreição de Jesus. Podemos, contudo, sentirmo-nos meio frustrados, pois nossa vida espiritual não tem referência ao dia a dia. Vemos a Ressurreição de Jesus como um conjunto de histórias, de idéias e celebrações diferentes que marcam pela beleza e não pelo conteúdo. Preferimos viver numa atmosfera espiritual que não complica nossa vida. Assim falsificamos a vida de Jesus que foi até ao mais concreto da vida: encarnou-se a ponto de sofrer, morrer e ser sepultado. Por isso Deus o exaltou. Do mesmo modo nós vamos ressuscitar se levarmos à prática os ensinamentos da vida, morte e ressurreição de Jesus.
A descrição da comunidade primitiva é um programa de vida muito real e prático. É uma reflexão que pode trazer para o mundo um novo modo de viver e uma solução completa para todos os problemas que enfrentamos na sociedade. Os Atos dos apóstolos descrevem esta comunidade de uma maneira simples: “Os que se haviam convertido eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações...todos os que abraçam a fé viviam unidos e colocam tudo em comum; vendiam suas propriedades e seus bens e repartiam o dinheiro entre todos, conforme a necessidade de cada um” (At 2,42-45).
Este texto singelo abrange a dimensão vida toda: aspecto formativo: é preciso aprender o ensinamento do evangelho através dos apóstolos, da Palavra de Deus. O ensinamento conduz à comunhão fraterna. A vida social só vai funcionar se vivemos a fraternidade. Todo ensinamento social conduz a nos responsabilizarmos uns pelos outros. A vida de fraternidade constrói-se não de um puro socialismo, mas nasce da Eucaristia, fração do pão, onde se aprende a partir o pão e repartir entre os irmãos. A união com Deus se faz através da partilha com os irmãos. A partilha é sustentada pela relação com Deus na oração. A sociedade sem Deus não tem futuro. Constrói monstros. A espiritualidade é elemento fundante de um bom viver. Assim podemos aprender a saber distribuir e não concentrar os bens. Todos têm direito a possuir, ninguém pode ter só para si, quando os outros passam necessidade. Seguindo esta proposta teremos credibilidade no mundo.
Vivendo esta proposta, a Ressurreição passa a ser parte da vida e damos sentido a nossa religião que não é um monte de verdades a serem acreditadas, mas um modo de viver novo. Quando a Igreja se interessa pelo social ela está levando a efeito o que aprendeu de seu Redentor que passou entre nós fazendo o bem. Não é socialismo, é amor de redenção.
ARTIGO EM 09 DE ABRIL DE 2002
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