quarta-feira, 9 de setembro de 2020

EVANGELHO DO DIA 9 DE SETEMBRO

Evangelho segundo São Lucas 6,20-26.
Naquele tempo, Jesus, erguendo os olhos para os discípulos, disse: «Bem-aventurados vós, os pobres, porque é vosso o Reino de Deus. Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir. Bem-aventurados sereis, quando os homens vos odiarem, quando vos rejeitarem e insultarem e proscreverem o vosso nome como infame, por causa do Filho do homem. Alegrai-vos e exultai nesse dia, porque é grande no Céu a vossa recompensa. Era assim que os seus antepassados tratavam os profetas. Mas ai de vós, os ricos, porque já recebestes a vossa consolação. Ai de vós, que agora estais saciados, porque haveis de ter fome. Ai de vós, que rides agora, porque haveis de entristecer-vos e chorar. Ai de vós, quando todos os homens vos elogiarem. Era assim que os seus antepassados tratavam os falsos profetas». 
Tradução litúrgica da Bíblia 
Isaac da Estrela (1171) 
Monge cisterciense 
Sermão 2 para o dia 
de Todos os Santos,13-20
«Bem-aventurados vós, que agora chorais» 
«Bem-aventurados vós, que agora chorais, 
porque haveis de rir». 
Através desta palavra, o Senhor quer fazer-nos compreender que o caminho da alegria é o pranto. É pela desolação que se chega à consolação; é perdendo a vida que ela se encontra, é rejeitando-a que a conservamos, é odiando-a que a amamos, é desprezando-a que a conservamos (cf Mt 16,24s). Se queres conhecer-te e ter autodomínio, entra em ti mesmo e não te procures no exterior. Cai em ti, pecador, recolhe-te na tua essência, no teu coração.[...] Não é certo que o homem que entra em si mesmo descobre que se encontra longe, como o filho pródigo, numa região de dissemelhança, numa terra estrangeira, onde se senta e chora, recordando-se de seu pai e da sua pátria (cf Lc 15,17)? [...] «Adão, onde estás ?» (Gn 3,9) Talvez estejas ainda na obscuridade para não te encarares a ti mesmo; coses folhas de vaidade umas às outras para cobrir a tua vergonha, olhando o que tens à volta e o que é teu. [...] Olha para o teu interior, olha para ti. [...] Entra dentro de ti, pecador, regressa à tua alma. Contempla e chora esta alma sujeita à vaidade e à agitação, que não se consegue libertar do seu cativeiro. [...] É evidente, irmãos, que vivemos fora de nós, esquecidos de nós, de cada vez que nos dispersamos em ninharias ou em distrações, de cada vez que nos regalamos com futilidades. É por isso que a Sabedoria leva a peito convidar-nos para a casa do arrependimento antes de nos convidar para a casa do banquete, como que para chamar a si o homem que andava no exterior de si mesmo, dizendo-lhe: «Bem-aventurados vós, que agora chorais» e também: «Ai de vós, que rides agora». Meus irmãos, gemamos na presença do Senhor, cuja bondade leva ao perdão; convertamo-nos a Ele «com jejuns, com lágrimas, com gemidos» (Jl 2,12) para que um dia [...] as suas consolações façam rejubilar a nossa alma. Com efeito, felizes são os que choram, não por chorarem, mas porque serão consolados. O pranto é o caminho; a consolação é a beatitude.

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