segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Santa Clara da Cruz de Montefalco

Em 1278, a comunidade tinha crescido tanto, que tiveram que construir uma ermida maior fora da cidade. Ergueu-se então uma grande perseguição contra elas, não só por parte dos leigos da cidade, como também pelos Franciscanos do lugar, que diziam que a cidade era muito pequena para ter outra comunidade pedindo esmolas. O Senhor, porém, que é justo, moveu o oficial do ducado a votar por elas e elas ficaram. A ermida estava com o telhado meio por fazer; passando frio e fome, a pequena comunidade era sustentada por sua fé, que era mais forte que as perseguições e as adversidades.
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Em 1290, Clara, sua irmã Joana e suas companheiras decidiram entrar na vida monástica no mais estrito sentido. O bispo indicou o mosteiro de Montefalco que era regido pela regra de Santo Agostinho. Clara faz seus votos de pobreza, castidade e obediência, e se converteu em religiosa agostiniana. Sua irmã foi eleita a primeira abadessa e sua pequena ermida foi dedicada como um mosteiro. Joana faleceu em 22 de novembro de 1291 e Clara foi eleita abadessa. Inicialmente Clara não aceitou a posição, porém, depois da intervenção do bispo de Spoleto ela finalmente aceitou por obediência. O ano de 1294 foi decisivo para a vida espiritual de Clara. Na celebração da Epifania, depois de fazer uma confissão geral diante de suas filhas, sentiu um êxtase e se manteve assim por várias semanas. Impossibilitada de comer, as religiosas mantinham sua Madre Abadessa dando-lhe água açucarada. Clara reportou depois que teve uma visão na qual se viu sendo julgada diante de Deus. Clara também comentou ter tido uma visão de Jesus vestido como um pobre viajante. Ajoelhando-se diante dEle, tratou de detê-Lo e perguntou: “Meu Senhor, aonde vais?” e Jesus respondeu: “Tenho procurado no mundo todo um lugar aonde plantar esta Cruz firmemente e não o encontrei”. Clara olhou a Cruz e tendo manifestado o desejo de ajudá-Lo a carregá-la, Ele disse: “Clara, encontrei o lugar para minha Cruz aqui. Encontrei finalmente alguém a quem posso confiá-la”. E Jesus implantou sua Cruz no coração de Clara. A intensa dor que ela sentiu em todo seu ser enquanto recebia a Cruz de Cristo viveu com ela para sempre. O resto de seus dias ela os passou no sofrimento e na dor, e ainda assim continuou servindo suas irmãs com alegria. Em 1303 Clara pode construir uma igreja em Montefalco a qual não somente serviu como capela para as religiosas, como também para todas as pessoas da cidade. A primeira pedra foi abençoada em 24 de junho de 1303 pelo bispo de Spoleto e naquele dia a igreja foi dedicada à Santa Cruz. Clara exerceu durante 16 anos a função de abadessa, mestra, mãe e diretora espiritual de suas amadas filhas. Enquanto sua reputação de santidade e seus milagres atraiam visitantes ao mosteiro, ela governava-o com sabedoria, zelosa e sem quebrar a harmonia da comunidade. Em agosto de 1308, Clara adoeceu gravemente. No dia 15 de agosto pediu para receber a Extrema Unção. Fez sua última confissão no dia 17 de agosto e no dia seguinte faleceu em seu convento de Montefalco. O processo de canonização foi iniciado em 1328, mas Clara somente foi beatificada em 13 de abril de 1737 por Clemente XII. Em 8 de dezembro de 1881, Festa da Imaculada Conceição, Leão XIII a canonizou na Basílica de São Pedro, em Roma. Santa Clara foi uma grande mística que iluminou com seu esplendor espiritual a Ordem Agostiniana; Deus a dotou de singulares graças místicas, como visões e êxtases, e dons sobrenaturais que se manifestaram dentro e fora do mosteiro. Dotada de ciência infusa, pôde oferecer sábias soluções as mais árduas questões propostas pelos teólogos, filósofos e literatos; e defendeu valentemente a doutrina da fé. Deus lhe deu uma tal inteligência das coisas divinas, que ela ousou combater a heresia do “Espírito de liberdade”, seita que difundia erros por toda Úmbria. Ela conhecia o pensamento oculto das pessoas, e por vezes tinha o dom de profecia. Nosso Senhor Jesus Cristo, Ele mesmo, veio uma vez lhe dar a Comunhão. Santa Clara distinguiu-se, sobretudo, por seu amor à Paixão do Senhor, reservando um lugar muito principal à devoção à Santa Cruz. Ela também meditou muito sobre o mistério da Santíssima Trindade. Depois de sua morte achou-se no seu fígado três bolinhas iguais. Essas bolinhas tinham esse particular que cada uma delas pesava tanto quanto as três juntas; se se pesasse uma, duas ou três, era sempre o mesmo peso. Uma imagem impressionante da Santíssima Trindade! Tome uma Pessoa divina: a natureza divina está toda nela; tome duas Pessoas divinas: ela está toda nas duas; tome todas as três, ela está toda nas três, mas tanto nas três quanto em uma só, como a bolinha que não pesava mais quando as três juntas ou quando uma só separada. Além deste prodígio, as irmãs extraíram o coração do corpo de Santa Clara, que embalsamaram de maneira primitiva; ele apresentava a figura de Cristo crucificado, o flagelo e os cinco estigmas totalmente impressos no músculo do miocárdio, tal como, posteriormente, ocorreu com Santa Verônica Giuliani. Seu corpo e seu coração incorruptos são venerados na Igreja de Santa Clara, em Montefalco, Itália. Seu corpo, vestido com o hábito agostiniano, repousa sob o altar mor. 

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