sexta-feira, 12 de junho de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “Milagres que curam”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
Deus sem fronteiras 
Jesus manifesta mais uma vez a grande abertura do Reino de Deus a todos. Continuou na linha profética de um povo missionário aberto a todos os povos. Toma esses dois exemplos para mostrar como Deus busca os mais distantes. E Jesus identifica a fé de pagãos, mais consistente que a fé dos judeus, depositários de todas as promessas. A história de Naamã, que com relutância inicial, obedece e faz o simples gesto de mergulhar sete vezes no rio Jordão, muito inferior aos rios da Síria. Os gestos de Deus em favor dos homens são sempre simples e humildes. A grandeza vem da fé. O milagre leva a uma definição por Deus: “Permite que teu servo leve daqui a terra que dois jumentos podem carregar. Pois teu servo já não oferecerá holocaustos ou sacrifício a outros deuses, mas somente ao Senhor” (2Rs 5,17). O milagre conduz a uma adesão a Deus. O profeta (v.16) recusa presentes pelo milagre. Jesus confirma que Deus acolhe a fé dos pagãos. Jesus retoma a questão mostrando que os estrangeiros têm mais fé. Dez leprosos pedem a Jesus a cura: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós” (Lc 17,13). Ele manda que vão aos sacerdotes. Eram esses que declaravam alguém leproso e os isolava da comunidade e depois comprovava sua cura com documento. O milagre aconteceu enquanto iam. A lepra era uma doença que levava à exclusão total. Jesus cura os dez. Um deles volta para agradecer. E era um samaritano. Voltou para agradecer e dar glória a Deus. Compreendeu o sentido do milagre. 
Cura pela fé 
Jesus se agasta com a ausência dos outros: “Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser esse estrangeiro?” (Lc 17,17-19). Temos a mesma situação em Naamã. É o estrangeiro que reconhece a ação de Deus. Nesse milagre entendemos a função do milagre e por outro lado, o que se perde com um milagre. Jesus cura a todos. Mas somente o samaritano se salva: “Levanta-te e vai”! Tua fé te salvou”. Jesus não mandou a lepra de volta aos outros nove, mas afirma que o milagre verdadeiro se realizou no samaritano, pois curou também sua fé. Agora ele crê e está salvo. E os outros se curaram, mas não curaram o coração, a fé. Ouvimos que tantas pessoas recebem milagres, mas não modificam sua atitude de fé para uma fé que se defina como vida a partir do coração. A fé provoca uma mudança de direção de nossa vida, colocando-nos no caminho de Jesus, não como uma opção intelectual, mas de vida. A vida se compromete com o Senhor Jesus num processo de vida que atinge também o culto. O culto a Deus exemplificado por Naamã e pelo samaritano, só vai existir quando tivermos uma opção por Deus que envolva toda nossa vida. De resto permanecerá um culto vazio. 
A palavra não está algemada 
“Estejamos atentos ao bem que podemos fazer” (Oração). Isso só nos será possível se estivemos atentos à Palavra. Paulo, mesmo prisioneiro, tem confiança que suas algemas se tornam uma razão para que a salvação chegue a todos: “Por isso suporto tudo pelos eleitos, para que eles também alcancem a salvação que está em Cristo Jesus” (2Tm 2,10). Reafirma que a Palavra não está algemada. A força de Paulo e seu vigor encontram respaldo na força da Palavra. Ela o estimula sempre mais a, mesmo prisioneiro, continuar seu ministério, sua missão. Vê sua vida como uma união ao Cristo em seu sofrimento e sua glória: “Se com Ele morremos, com Ele viveremos... se lhe somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode negar a Si mesmo” (id 11,13). Assim temos a certeza que a fé é anuncio e vida. 
Um banho faz bem 
A água lava tudo. A história do sírio Naamã faz lembrar que um bom banho limpa muita impureza. Mas a água que lavou o comandante leproso foi mais longe, lavou seu coração. Ele mudou o rumo de sua vida. De agora em diante só conhece o Deus de Israel. Só a ele vai prestar culto. Ele ficou curado, como o leproso samaritano. Os dois foram além e deram o passo que purificou suas vidas: de agora em diante, coração purificado pela fé. Sem deixar de lado o valor do banho de água, o banho da fé lava muito mais e não exige outro.

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