PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 52 ANOS CONSAGRADO 44 ANOS SACERDOTE |
Ficai preparados
No Advento, o Ano Litúrgico continua a chamada para a segunda vinda do Senhor. Esse mistério estimula a Igreja a caminho. Em toda a missa clamamos: “Vinde, Senhor Jesus”. Esperamos sua vinda e clamamos por ela. Jesus, quando vier, nos encontrará reunidos cantando seus louvores. A fraternidade é o campo fértil onde se alimenta a esperança da vinda do Senhor. Não será um terror, mas a expressão mais profunda do amor de Deus que vai glorificar os resgatados por Cristo (Lc 21,28). A preparação não é somente uma espera, mas uma vida cheia de boas obras. Não basta a fé. A fé sem obras é morta (Tg 2,17). É preciso esperar na fé operante pela caridade (Gl 5,6). Estejamos preparados porque a vinda será repentina. Não liguemos a segunda vinda somente a um fato do fim dos tempos, mas ela está presente no dia a dia, nas realidades práticas da vida. Paulo diz: “Procedamos honestamente como em pleno dia” (Rm 13,13). A atitude que Paulo sugere, refere-se às coisas da vida: “Nada de comilança, bebedeira, nem orgias sexuais e imoralidades, nem brigas nem rivalidades” (Id). O altíssimo ensinamento recai sobre as coisas da vida, no ser humano situado. Viver intensamente é a orientação para viver com serenidade no concreto da vida. Existe a grande tentação de ateísmo prático. Deus não tem lugar nas coisas da vida. Por isso Paulo insiste: “Vós sabeis em que tempo estamos, pois já é hora de despertar. Com efeito, agora a salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a fé” (Rm 13,11).
Revestir-se do Senhor Jesus
Paulo insiste com dois termos na realidade de revestir-se de Cristo: “Despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz... procedamos honestamente como em pleno dia... Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo” (Rm 13,12,14). Isso se realiza quando “com as boas obras ao encontro do Cristo que vem” (oração da coleta). Por isso temos a insistência sobre a dupla vinda de Cristo: “Revestido de nossa fragilidade, Ele veio a primeira vez para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação. Revestido de sua glória, Ele virá uma segunda vez, para conceder-nos em plenitude, os bens outrora prometidos que hoje, vigilantes esperamos” (Prefácio). A oração pós-comunhão sintetiza o ensinamento: “Fazei que os vossos mistérios nos ajudem a amar agora o que é do céu e, caminhando entre as coisas que passam, abraçar as que não passam”. É sempre a tenção ao presente e a tensão ao futuro que é repentina. Lembramos que a esperança é a virtude que coloca a fé na prática da caridade. Ela é certeza: “A esperança é qual âncora da alma, segura e firme, penetrando para além do véu onde Jesus entrou por nós, como precursor...” (Hb 6,19).
Transformação do mundo
Isaías lembra a atração que Deus exercerá sobre todos os povos. Ele localiza o polo de atração no monte do Senhor (Monte Sião) que estará no ponto mais alto do mundo. Para ele acorrerão todas as nações (Is 2,2-3). Esse monte é Cristo e seu Evangelho. Ele é quem exerce essa atração. Atração não somente espiritual, mas transformadora: “Os povos transformarão suas espadas em arados e suas lanças em foices” (Is 2,4). Paulo conclama: “Despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz” (Rm 13,13). Um cristianismo sem conteúdo gera obras mortas. A transformação do mundo vai do coração às atitudes. A fé pode transformar o mundo e preparar a gloriosa vinda do Senhor. O salmo retrata a alma dos peregrinos em caminhada para a Jerusalém terrestre, símbolo da Jerusalém celeste.
Esperando o trem
Numa terra aonde os ônibus e trens, nem sempre chegam na hora, ficamos sempre esperando para qualquer momento. Se sairmos de perto poderemos perder, pois, chegará justo naquele momento. Quanto esperamos e não chegou!
Assim vai ser o fim dos tempos. Somos exigidos a estar sempre alerta para que não haja nenhum desgosto. O Senhor virá a qualquer momento. Os primeiros cristãos, inclusive São Paulo, contavam com uma vinda iminente. Assim se organizou a vida da Igreja. A noite foi sempre o momento propício para se ficar em oração de espera, como nos conta a parábola das dez virgens. Ao grito “Eis que chega o esposo”, tudo deve estar pronto.
Com a demora, foi se esmorecendo essa expectativa. Agora nem se fala mais. Mas a liturgia sempre clama: Vem, Senhor Jesus! Isso manifesta que estamos prontos e queremos ir a seu encontro.
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