Evangelho segundo São Mateus 6,1-6.16-18.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tende cuidado em não praticar as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Aliás, não tereis nenhuma recompensa do vosso Pai que está nos Céus.
Assim, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa.
Quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita,
para que a tua esmola fique em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa.
Quando rezardes, não sejais como os hipócritas, porque eles gostam de orar de pé, nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa.
Tu, porém, quando rezares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa.
Quando jejuardes, não tomeis um ar sombrio, como os hipócritas, que desfiguram o rosto, para mostrarem aos homens que jejuam. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa.
Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto,
para que os homens não percebam que jejuas, mas apenas o teu Pai, que está presente no que é oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa».
Tradução litúrgica da Bíblia
São Francisco de Sales(1567-1622)
Bispo de Genebra, doutor da Igreja
«Tratado do amor de Deus»,livro XII,cap.VII
A pureza de intenção
Nosso Senhor, segundo dizem os antigos, tinha o costume de dizer aos seus: «Sede bons negociantes». Quando uma moeda não é de ouro de lei, ou, não tendo peso, quando não tem a marca do ouro, rejeitamo-la por não ser aceitável. Uma obra de boa espécie, se não estiver ornada de caridade, se a intenção não for piedosa, não será recebida entre as obras boas. Se eu jejuo, mas o faço para poupar, o meu jejum não será de boa espécie; se for por temperança, mas tiver um pecado mortal na alma, faltará peso a esta obra, porque é a caridade que dá peso a tudo o que fazemos; se for apenas por conveniência e para me acomodar aos meus companheiros, esta obra não traz a marca de uma intenção reta. Se, porém, jejuar por temperança, e estiver na graça de Deus, e tiver a intenção de agradar a sua Divina Majestade com essa temperança, a obra será moeda boa, própria para aumentar em mim o tesouro da caridade.
Fazer excelentemente as ações pequenas é fazê-las com grande pureza de intenção e uma grande vontade de agradar a Deus; essas obras santificam-nos enormemente. Há pessoas que comem muito e estão sempre magras e extenuadas, porque não têm boa capacidade digestiva; e há outras que comem pouco, mas estão fortes e vigorosas, porque têm um estômago saudável. Da mesma maneira, há almas que fazem muitas obras boas e crescem muito pouco na caridade, porque as fazem com frieza ou com preguiça, ou mais pelo instinto e a inclinação da natureza do que por inspiração divina ou por fervor celeste; pelo contrário, há quem faça muito pouca coisa, mas com uma vontade e uma intenção tão santas que faz um progresso extremo no amor: estas almas têm poucos talentos, mas gerem-nos com tal fidelidade que o Senhor as recompensa grandemente.
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