segunda-feira, 6 de abril de 2020

Venerável Madre Maria Teodora Voiron

“Façamos o maior bem que pudermos, da maneira mais oculta possível”.
     Há 185, no dia 6 de abril de 1835, nascia Luísa Josefina Voiron – o nome de batismo da Madre Maria Teodora Voiron – em Chambéry, França. Era a filha mais velha do casal Cláudio Voiron e Catarina Héritier, simples agricultores que deram uma esmerada educação católica aos seus cinco filhos.
     Com apenas dez anos, sofreu a primeira grande perda, com o falecimento de sua mãe. Abraçou a grande responsabilidade de ajudar seu pai a criar os irmãos menores. O pai, preocupado com a educação das meninas, resolveu matriculá-las no Instituto que as Irmãs de São José tinham acabado de fundar. Luísa Josefina logo despertou a atenção das religiosas pela bondade com que tratava a todos.
CONTINUA EM MAIS INFORMAÇÕES
     Aos quinze anos, sentiu um forte chamado para a vida religiosa e resolveu buscar ajuda junto à Madre Superiora Maria Felicidade Veyrat, que a orientou a rezar e pedir ao Espírito Santo que confirmasse sua decisão. Dois anos depois, no dia 17 de dezembro de 1852, Luísa entrou para o noviciado da Congregação das Irmãs de São José, adotando o nome Irmã Maria Teodora.
     Em 1854, a região de Sabóia foi infectada pela cólera morbus. Irmã Maria Teodora, juntamente com outras irmãs, ajudou os doentes como voluntária. Durante dois meses elas passam por muitas dificuldades, o medo de se contaminar era grande, mas a fé era maior e nenhuma irmã adoeceu.
     Dom Antônio Joaquim de Mello, Bispo de São Paulo, ituano, desejava ter um colégio para educação das famílias paulistas. Entrou em contato com Madre Maria Felicidade, na França, e esta ficou encarregada de escolher as religiosas para uma tão importante missão no Brasil. Em 1858, designou sete Irmãs, tendo como superiora Madre Maria Basília. A viagem era árdua e a Madre faleceu dois dias antes de chegar ao Brasil, sendo seu corpo lançado ao mar.
     As seis primeiras Irmãs chegaram a São Paulo no dia 30 de julho de 1858. No dia 4 de outubro, após uma viagem penosíssima num carro de boi, chegaram a Itu, sendo recebidas com grande entusiasmo pelo povo. As Irmãs se instalaram temporariamente no prédio da Santa Casa de Misericórdia de Itu até que fossem concluídas as obras do colégio.
     Irmã Maria Teodora foi escolhida para substituir Madre Basília, e no dia 29 de março de 1859 começava a viagem. No dia 24 de maio chegava à Baía da Guanabara, e a Itu na tarde de 15 de junho de 1859. Muito bem acolhida por todas as irmãs, ela só não agradou ao bispo, que a achava jovem demais para ser superiora, pois contava apenas 24 anos, e decidiu que Madre Justina seria superiora.
     Passados alguns meses, D. Antônio procurou Irmã Maria Teodora e lhe confiou o cargo de superiora. Isso aconteceu no dia 13 de novembro, dia da festa de Nossa Senhora do Patrocínio, e dia da inauguração do colégio que recebeu este nome.
     Madre Maria Teodora Voiron teve grande importância no campo da educação na cidade e no país. Trabalhou muito pelo ensino através do Colégio Nossa Senhora do Patrocínio, que foi a primeira instituição de educação católica feminina da Província de São Paulo.
     Madre Maria Teodora não entendia a escravidão no Brasil, e querendo quebrar as barreiras do preconceito da sociedade na época, realizou um enorme prodígio abrindo uma escola gratuita, no próprio Colégio Patrocínio, para as meninas escravas. Cuidou também da formação religiosa das escravas adultas.
Igreja de Na. Sra. do Patrocinio
     Durante 62 anos Madre Voiron esteve à frente das obras das Irmãs de São José no Brasil, no início como superiora e depois como Provincial. Ela abraçou numerosas obras de caridade como: orfanatos, asilos, hospitais, leprosários, escolas para meninas pobres, enviando suas religiosas para várias cidades do interior de São Paulo, como Campinas, Taubaté, Franca, Piracicaba, Jaú, Guapira, inclusive a capital, São Paulo, onde fundou o Colégio São José.
     Em 1871, enviou para São Paulo um grupo de Irmãs para assumirem a missão da saúde na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, e para o Seminário de Educandas Na. Sra. da Glória, uma escola pública que cuidava de alunas órfãs e pobres.
     No decorrer dos anos muitas jovens brasileiras também ingressaram no Instituto e se dedicaram às obras tão necessárias neste imenso País.
     A Madre enfrentou momentos difíceis, como intrigas, calúnias e até perseguições. Chegaram até a enviar notícias falsas para a Superiora Geral na França. Durante a “questão religiosa” no Brasil, no final do Império, aprisionaram Frei Dom Vital que tinha sido Capelão do Colégio do Patrocínio. Em uma viagem à França, Madre Voiron fez questão de ir visitá-lo na prisão, apesar das autoridades virem-na com maus olhos por causa disto.
Na. Sra. do Patrocínio
     Aos 85 anos Madre Voiron teve o fêmur fraturado em consequência de uma queda. A partir daí, a cadeira de rodas foi seu único meio de locomoção. Mas, não deixou de participar cotidianamente dos atos religiosos. No ano seguinte, 1921, pediu e obteve demissão do cargo de Provincial.
     Madre Voiron faleceu em 17 de julho de 1925 com 90 anos. Seus restos mortais encontram-se sepultados no interior da Igreja do Patrocínio, onde são visitados por milhares de pessoas.
     Logo após sua morte, vários milagres foram relatados. Mais de 30 mil cartas já chegaram à comunidade do Patrocínio testemunhando casos de cura, sucesso no trabalho, proteção contra acidentes, encontro de pessoas desaparecidas etc. Mas ainda não há uma documentação oficial de nenhum destes casos. O processo de beatificação de Madre Teodora já está em Roma, necessitando apenas de uma graça comprovada por médicos e pela Santa Igreja, para que ela seja beatificada.
    Em 1989, João Paulo II concedeu a Madre Teodora o título de Venerável.
- - - - -
     “Dom Antônio Joaquim de Mello escreveu à Madre Geral alguns meses depois de ter reconhecido nessa “jovem... em circunstâncias tão delicadas... que sua maturidade, sua discrição e sua prudência eram a toda prova”. (¹)
     “O Capelão de Itu, em 1894, escreveu à Madre Geral: ‘Seu (de suas Irmãs do Brasil) Anjo visível foi, desde longos anos, e ainda é, Madre Maria Teodora... É uma das mulheres mais sábias que conheço, respeitadas por todos’...” (²)
     “Durante muito tempo, a questão econômico-financeira foi um pesadelo para Madre Maria Teodora; após longos procedimentos, o Padre Hubbaner, Redentorista, conseguiu fazer aprovar uma Sociedade de Educação Popular e Beneficência, dotada de personalidade jurídica, da qual Madre Voiron foi presidente até o fim do seu Provincialato. No ano de 2011, esta Sociedade completou 100 anos. Madre Maria Teodora foi prudente na escolha das suas colaboradoras. Amadurecia por muito tempo suas decisões. Ela consultava antes de agir. ‘Depois de ter refletido e rezado, decidi assim. Sou lenta para tomar uma decisão, mas quando a tomei, não volto atrás’, dizia ela. Foi sempre feliz em seus empreendimentos. Graças à sua prudência, as Obras da Província nunca estiveram em perigo”. (³)
(¹) Cf. Vozes do Patrocínio, ano 63, Itu 2010, nº 162; (²) idem; (³) idem.
http://heroinasdacristandade.blogspot.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário