PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 52 ANOS CONSAGRADO 44 ANOS SACERDOTE |
2155. Barrar a onda de violência
A violência cresce e assume sempre novas formas e meios de ser provocada. Esse é o campo onde o Papa Francisco, em sua Exortação Apostólica Gaudete et Exultate, anota como sendo ocasião de crescer na santidade. Num mundo violento, quem vence é o pacificador. A pior violência é aquela que temos dentro de nós. Esta gera violência. O caminho de santidade é vencer a violência. Diz ele: “A firmeza interior, que é obra da graça, impede de nos deixarmos arrastar pela violência que invade a vida humana e social, porque a graça aplaca a vaidade e torna possível a mansidão do coração” (GE 116). No momento, salienta o Papa Francisco, pode acontecer que cristãos participem das redes sociais e entrem no jogo da violência verbal através da internet fazendo julgamento das pessoas. Dão-se o direito de julgar e destruir. Está uma onda forte de “juízes da piedade dos outros, de atitudes que querem mostrar que somos os certos e os outros os errados. É a fofoca levada ao seu máximo usando os meios mais sofisticados. Destroem pessoas e princípios sadios. É uma forma sutil de violência (GE 117). Jesus condenava isso com clareza em Mateus (18,15-18) quando explica como corrigir um irmão. Primeiro só entre os dois, depois, se não ouve, chame duas testemunhas, depois leva à comunidade e por fim, expulse-o da comunidade. Agora fazemos o contrário: primeiro colocamos no trombone. Daí a pessoa que se arrume. São João da Cruz propunha outra coisa: “mostra-te sempre mais propenso a ser ensinado por todos do que a querer ensinar quem é inferior a todos” (GE 117). Assim se estanca a violência.
2156. Em nossas humilhações
A palavra humildade não faz parte do vocabulário usual e é uma virtude pouco estimada num mundo onde tudo é concorrência. Ela, a humildade toca fundo o ser humano. Temos que entender a humildade a partir das humilhações de Cristo. Como lemos na carta aos Filipenses (2,6-11). A encarnação de Jesus foi o ato extremo de humildade. Ele abaixou-se até o ínfimo que foi “a morte e, morte de Cruz” (Id 8). Somente aí que foi glorificado. A humildade não é destruir-se, mas ser capaz em estar para o outro. Estamos na questão da humilhação. Essa, nós vemos no povo sofrido. Quanta humilhação pela discriminação por causa da pobreza de outros. Jesus assumiu essa pobreza. A santidade não está em se destruir, mas perceber a ação de Deus que está do nosso lado, do lado do humilhado. Diz o Papa Francisco: “A humildade só se pode enraizar no coração através das humilhações. Sem elas, não há humildade nem santidade...” A santidade que Deus dá à sua Igreja, vem através da humilhação do Filho: esse é o caminho. A humilhação faz-nos semelhantes a Jesus: “Cristo padeceu por vós, deixando-vos o exemplo, para que sigais os seus passos” (1Ped 2,21) –(GE 118). Por isso, os Apóstolos, depois da humilhação, estavam “cheios de alegria, por terem sido considerados dignos de sofrer vexames por causa do Nome de Jesus” (At 5,41).
2157. Coração pacificado.
“Às vezes, uma pessoa, precisamente porque está liberta do egocentrismo, pode ter a coragem de discutir amavelmente, reclamar justiça ou defender os fracos diante dos poderosos, mesmo que isso traga consequências negativas para a sua imagem”. E continua o Papa: “Essa atitude pressupõe um coração pacificado por Cristo, liberto daquela agressividade que brota dum «ego» demasiado grande” (GE 121). Quando atingimos a simplicidade da humildade e a serenidade na humilhação, estamos nos identificando a Cristo e podemos nos tornar defensores do povo sofrido e também viver bem nossas dificuldades e situações difíceis. “Por isso Deus O exaltou grandemente” (Fl l 2,9).
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