PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 52 ANOS CONSAGRADO 44 ANOS SACERDOTE |
Descer da montanha
Conforme o evangelista Lucas, Jesus passou a noite em oração na montanha, escolheu os doze apóstolos e desceu para a planície. Ali encontrou os discípulos e a multidão que vieram de toda a região para ouvi-Lo e serem curadas. A multidão procurava tocá-lo, pois Dele saía uma força que a todos curava (Lc 6,12-19). Começou então a dizer: “Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus”... Bem-aventurados os que tendes fome, ... que agora chorais... que sereis odiados... Alegrai-vos e exultai, porque no Céu será grande a vossa recompensa (Id 20-23). Depois me diz qual o mal que acontece aos que não são assim. Parece que Jesus está fazendo a apresentação da realidade que o apóstolo vai encontrar em sua missão. A intimidade com Deus na montanha, o silêncio, a solidão e a paz são maravilhosos. Mas o apóstolo desce para a planície onde está o campo de Deus. Ali se vive a realidade e o Reino de Deus cresce. Jesus está sempre indo em direção ao povo sofrido. Ele o faz agora através de seus discípulos. Lucas não segue o mesmo esquema de oito bem-aventuranças de Mateus. E acrescenta como péssimo o resultado de quem vive diferentemente. Lucas apresenta situações fundamentais do ser humano: pobreza, fome, sofrimento e perseguição. A abundância de riqueza, a fartura, a vida folgada e o elogio do mundo não têm consistência. Não que sejam coisas ruins, mas... é bom pensar que quando há muita riqueza de um lado e pobreza do outro, pode ocorrer a exploração dos humildes e o egoísmo na percepção da realidade.
Confia no Senhor.
O salmo primeiro descreve a situação de quem confia no Senhor. Não está desfazendo da confiança nas pessoas. É um modo hebraico de se expressar para salientar o oposto. Não nega que devemos ter confiança nas pessoas, pois há muita gente boa e de muita confiança. O profeta Jeremias diz: “Maldito o homem que confia no homem e faz consistir sua força na carne humana, enquanto o seu coração se afasta do Senhor” (Jr 17,5). Quer chamar a atenção para a importância de colocarmos nossa confiança em Deus. Quem assim faz dará fruto abundante e sempre terá vigor. É como a árvore plantada à beira d’água. A descrição do salmo qualifica feliz o que “não anda conforme os conselhos dos perversos e que não entra no caminho dos malvados... mas encontra seu prazer na lei de Deus e a medita noite e dia, sem cessar” (Sl 1). A condenação não se faz por um ato de Deus, mas por uma opção pessoal que busca o mal. A confiança em Deus também nossas responsabilidades pessoais não podem ser jogada nas “costas” de Deus. Por mais que tenhamos que nos entregar totalmente, continuamos na responsabilidade de escolher e enfrentar nossos caminhos. Deus acredita que podemos fazer sem precisar de escoras.
Se Cristo não ressuscitou...
O Pai enviou seu Filho ao mundo para abrir o caminho da salvação. Por sua Ressurreição garantiu nossa ressurreição. Paulo nos diz que, “se é para essa vida que pusemos nossa esperança em Cristo... somos dignos de compaixão’ (1Cor 15,19). É a ressurreição de Cristo que nos dá a Vida Nova na qual plantamos nossa vida, tiramos força, crescimento e produzimos fruto. Ela é o rio de água viva que vindo de Deus nos leva para Deus. A oração final da missa nos convida a “desejar sempre o alimento que nos traz a verdadeira vida”. Nosso relacionamento vital com Jesus se dá na pela Eucaristia que nos dá todos os frutos da salvação.
Plantando árvores
Deus plantou o jardim do Éden para que o homem cuidasse. Mas deixou também a responsabilidade de criarmos um jardim para podermos, como plantas novas, crescer. Deus pôs quatro grandes rios no paraíso terrestre. Quer igualmente que busquemos as águas do Rio da Vida para crescermos e darmos frutos em abundância. Assim o Reino de Deus se estabelece em nosso paraíso.
Viver significa não andar fora de Jesus o caminho da vida. Por isso temos as palavras pesadas: maldito o homem que confia no homem e não põe sua confiança em Deus.
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