Evangelho segundo São João 8,51-59.
Naquele tempo, disse Jesus aos judeus: «Em verdade, em verdade vos digo: Se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte».
Responderam-Lhe os judeus: «Agora sabemos que tens o demónio. Abraão morreu, os profetas também, mas Tu dizes: "Se alguém guardar a minha palavra, nunca sofrerá a morte".
Serás Tu maior do que o nosso pai Abraão, que morreu? E os profetas também morreram. Quem pretendes ser?»
Disse-lhes Jesus: «Se Eu Me glorificar a Mim próprio, a minha glória não vale nada. Quem Me glorifica é meu Pai, Aquele de quem dizeis: "É o nosso Deus".
Vós não O conheceis, mas Eu conheço-O; e se dissesse que não O conhecia, seria mentiroso como vós. Mas Eu conheço-O e guardo a sua palavra.
Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia; ele viu-o e exultou de alegria».
Disseram-Lhe então os judeus: «Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão?!»
Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Antes de Abraão existir, Eu sou».
Então agarraram em pedras para apedrejarem Jesus, mas Ele ocultou-Se e saiu do Templo.
Tradução litúrgica da Bíblia
Santa Gertrudes de Helfta
(1256-1301)
monja beneditina
«O Arauto», Livro IV, SC 255
Ofereçamos ao Senhor
o testemunho do nosso amor
Ouvindo ler no Evangelho: «Tens um demónio», Gertrudes, emocionada no mais fundo do seu ser por tal injúria ao seu Senhor, e não podendo suportar que o Bem-Amado da sua alma ouvisse ultrajes tão imerecidos, dizia-Lhe, em compensação, palavras de ternura vindas das profundezas do seu coração: «Jesus muito amado! Tu és a minha única e suprema salvação!»
E o seu amado, querendo, na sua bondade, recompensá-la, como de costume, de maneira superabundante, tomando-lhe o queixo com a mão bendita, inclinou-Se para ela e depositou-lhe no ouvido da alma, em murmúrio infinitamente suave, as seguintes palavras: «Eu, que sou o teu Criador, o teu Redentor e o teu Amado, passei pelas angústias da morte à tua procura, pagando para tal o preço de toda a minha beatitude». Esforcemo-nos, pois, com todo o ardor do nosso coração e da nossa alma, por oferecer ao Senhor o nosso testemunho de amor sempre que ouvirmos alguém dirigir-Lhe injúrias. E, se não conseguirmos fazê-lo com o mesmo fervor, ofereçamos-Lhe ao menos a vontade e o desejo deste fervor, o desejo e o amor que Lhe têm todas as criaturas, e tenhamos confiança na sua bondade generosa: Ele não desdenhará a modesta oferenda dos seus pobres, mas aceitá-la-á segundo as riquezas da sua misericórdia e da sua ternura, recompensando-nos muito para além dos nossos méritos.
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