segunda-feira, 16 de março de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “Alegrai-vos!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
A alegria renasce na conversão 
A celebração do 3º domingo do Advento reflete uma alegria muito forte. Quando estamos na noite esperando o dia amanhecer sentimos uma profunda alegria quando vemos os primeiros raios do sol. Eles anunciam que o dia está se aproximando. Por isso tem uma característica de alegria. Esperando as alegrias da salvação, a aproximação do Natal é como essa aurora. Paulo escreve na carta aos Filipenses: “Alegrai-vos sempre no Senhor; Eu repito, alegrai-vos” (Fl 4,4). O salmo continua esse pensamento; “Exultai cantando alegres habitantes de Sião, porque é grande em vosso meio o Deus Santo de Israel” (Ct. Is 12,2). Não se trata de uma alegria só de sentimentos, mas é como uma água abundante: “Com alegria bebereis no manancial da salvação e direis naquele dia: ‘Dai louvores ao Senhor’” (Ct. Is. 12,3.5). É a alegria de viver a liberdade que nos veio da ação de Deus que revogou a sentença de nossa condenação. A alegria nasce da conversão. Todos os que iam ouvir as palavras de João Batista buscavam um caminho de conversão. A pregação da conversão tocava todas as classes. João mostrava que a conversão se faz onde estão as pessoas. Os cobradores continuem cobradores, mas não explorando as pessoas; aos soldados ensina a não ser violentos. A todos ensina a partilha que gera a alegria. A pessoa convertida modifica o seu ambiente. É um bom modelo para a pastoral que tende converter as pessoas mais para um estilo de vida do que para Deus. Nada de nivelar. 
Deus está no meio de ti 
O Deus que liberta não é um estranho ao nosso mundo, mas está no meio de nós: “O Senhor teu Deus, está no meio de ti, como valente guerreiro que te salva; Ele exultará de alegria por ti, movido por amor; exultará por ti entre louvores, como nos dias de festa” (Sf 3,15,17-18). A alegria nasce de Deus e penetra profundamente no coração humano. Ela não passa, pois Deus não passa. Essa alegria dá garantia de sua presença: “O Senhor está no meio de ti, nunca mais temerás o mal” (Id 15). Percebemos assim quando rezamos o salmo 22: “Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei; Estás comigo. Teu bastão e teu cajado me dão a segurança” (Sl 22,4). João não se põe como Messias, mas como aquele que vive intensamente. João diz que batiza com água. Permanece no nível exterior, mas, o Messias vai batizar com o Espírito Santo e o fogo. Este purifica e o Espírito dá vida. O projeto de Jesus não é social ou só espiritual. É uma ação transformadora partilhando da redenção que Jesus veio trazer. Se minha fé não me leva aos irmãos, errei o caminho. “Quem ama a Deus, ame também seu irmão” (1Jo 4,21). A presença de Deus gera o amor. 
Celebrar com júbilo 
A oração da missa convida a celebrar a salvação com júbilo na solene liturgia. Infelizmente ficamos no exterior. Até S. Francisco não havia o presépio que tanto nos atrai. A celebração era o Presépio Vivo, isto é, a Encarnação celebrada como Eucaristia. Essa alegria sustentou a comunidade durante tantos séculos. Certamente dizemos que o Natal virou comércio. Podemos recuperar o sentido da Encarnação sem deixar a ternura do Natal e a beleza de suas luzes. O Advento está proposto como preparação para essa celebração na qual vivemos o mistério do Nascimento. É preciso fazer o presépio do coração no qual nos sentimos unidos na carne com o Filho de Deus Encarnado. Estamos distantes de perceber a intensidade desse mistério.

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