PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 52 ANOS CONSAGRADO 44 ANOS SACERDOTE |
Papa Francisco, em sua exortação Gaudete et Exultate (Alegrai-vos e Exultai), que estamos refletindo, continua nos ensinando o caminho da santidade. E nos diz que não se pode separar Jesus de seu Reino. Do mesmo modo, em nós, não se pode separar a identificação com Cristo e seu Reino: “A tua identificação com Cristo e os seus desígnios requerem o compromisso de construíres, com Ele, este Reino de amor, justiça e paz para todos” (GE 25). Como em Cristo há unidade de vida e missão, é próprio de cada cristão ter essa unidade. Cristo em nós é o que fortifica essa unidade. O próprio Cristo quer vivê-Lo contigo em todos os esforços ou renúncias que isso implique e também nas alegrias e na fecundidade que te proporcione. Vivemos preocupados com nossas atividades e nossas capacidades. Nossa atividade está intimamente unida à vida e missão de Cristo. Decorre daí que não pode haver vida sem missão. A vida gera uma missão e a missão alimenta a vida. Por isso, a espiritualidade é fundamental. Os santos foram grandes apóstolos porque viviam a unidade com Cristo. “Por isso, não te santificarás sem te entregares de corpo e alma, dando o melhor de ti neste compromisso” (GE 25). O resultado da santidade não é aumentar o grau de santidade, mas aumentar a intensidade de sua entrega para que Cristo seja conhecido e assim cresça o Reino de Deus. Quem conhece Jesus, tudo faz para que ele seja conhecido. Os que vivem no silêncio estão ocupados com o conhecimento de Jesus. “Somos chamados a viver a contemplação mesmo no meio da ação, e santificamo-nos no exercício responsável e generoso da nossa missão” (GE 26).
2092. Dedicação pastoral
A vida espiritual está intimamente ligada à missão. Pode parecer muito lógico, mas, vejamos os diversos tipos de movimentos, grupos, irmandades e espiritualidades. Há muita gente dedicada, de vida correta, mas não participa da vida pastoral da Igreja, de sua comunidade. Isso é espiritualismo. A vida da Igreja está cheia de defeitos. O pior é não fazer nada. A pastoral tem que nascer da espiritualidade, e a espiritualidade se fortalecer na pastoral. É belo ver o povo simples que luta pela vida e tem tanto tempo para a Igreja. Há tanta gente que exige tanto da Igreja, da comunidade e não faz nada para que o Reino de Deus cresça. O Papa afirma: “Não é que a vida tenha uma missão, mas a vida é uma missão. O desafio é viver de tal forma a própria doação, que os esforços tenham um sentido evangélico e nos identifiquem cada vez mais com Jesus Cristo. Por isso falamos de uma espiritualidade do catequista, de uma espiritualidade do clero diocesano, de uma espiritualidade do trabalho. Pela mesma razão, na Laudato si termino com uma espiritualidade ecológica, e em Amoris laetitia, com uma espiritualidade da vida familiar”. (GE 27-28). A espiritualidade se identifica com nossa vida. Nossa vida é espiritualidade.
2093. Solidão que faz bem
“Isto não implica menosprezar os momentos de quietude, solidão e silêncio diante de Deus” (GE 29). Viver encarnado no mundo e ter uma vida espiritual ativa, exige de nós também a capacidade do silêncio interior para viver na agitação do mundo. Sempre se cobra a necessidade do jejum. Por que não fazer um jejum de TV, de uso do celular, de passa-tempo vazio. Em consequência disso, ressente-se a própria missão, o compromisso esmorece, o serviço generoso e disponível começa a retrair-se. Isto desnatura a experiência espiritual. Poderá ser saudável um fervor espiritual que convive com a apatia preguiçosa na ação evangelizadora ou no serviço dos outros? (GE 30). O Papa conhece a realidade.
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