Evangelho segundo São Lucas 10,13-16.
Naquele tempo, disse Jesus: «Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida!
Porque se em Tiro e em Sidónia se tivessem realizado os milagres que em vós se realizaram, há muito tempo teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e sentando-se sobre a cinza.
Assim, no dia do Juízo, haverá mais tolerância para Tiro e Sidónia do que para vós.
E tu, Cafarnaum, serás elevada até ao céu? Até ao inferno é que descerás.
Quem vos escuta, escuta-Me a Mim; e quem vos rejeita, rejeita-Me a Mim. Mas quem Me rejeita, rejeita Aquele que Me enviou».
Tradução litúrgica da Bíblia
São Clemente de Alexandria(150-c. 215)
teólogo
Protréptico, 9; PG 8, 195-201
«Ouve, meu povo, sou Eu quem vai falar»
(Sl 49,7)
(Sl 49,7)
«Oxalá ouvísseis hoje a sua voz! Não endureçais os vossos corações como em Meriba, [...] no deserto, quando os vossos pais Me provocaram. [...] Eles não entrarão no lugar do meu repouso» (Sl 94,7-11). A graça da promessa de Deus é abundante, se hoje ouvirmos a sua voz, porque este «hoje» refere-se a cada novo dia enquanto se disser «hoje». Este «hoje» permanece até ao fim dos tempos, como permanece também a nossa possibilidade de aprender; nessa altura, o verdadeiro «hoje», o dia sem fim de Deus, confundir-se-á com a eternidade. Obedeçamos, pois, à voz do Verbo divino, à Palavra de Deus encarnada, porque o «hoje» de sempre é a imagem da eternidade e o dia é símbolo da luz; ora, o Verbo é para os homens a luz (Jo 1,9) na qual vemos a Deus.
É pois natural que a graça superabunde para aqueles que acreditaram e obedeceram, mas também é natural que Deus Se ire com aqueles que foram incrédulos [...], que não reconheceram as vias do Senhor [...], e os ameace. [...] O mesmo aconteceu aos hebreus, que erraram pelo deserto e não entraram no lugar o repouso por causa da sua incredulidade. [...]
O Senhor ama os homens e, por isso, convida-os «ao conhecimento da verdade» (1Tim 2,4) e envia-lhes o Espírito Santo, o Paráclito. [...] Escutai, pois, vós que estais longe e vós que estais perto (Ef 2,17). O Verbo não Se esconde de ninguém. Ele é a nossa luz, Ele brilha para todos os homens. Apressemo-nos a buscar a salvação através de um novo nascimento. Apressemo-nos a reunir-nos num só rebanho, na unidade do amor. E esta multidão de vozes [...], obedecendo a um único Senhor, o Verbo, encontrará o lugar do seu repouso na própria Verdade e poderá dizer: «Abba, Pai!» (Rom 8, 15).
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