segunda-feira, 5 de agosto de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Você sabe onde está Jesus”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
1879. Andando por aí 
Crendo na Ressurreição temos a certeza que Jesus se encontra glorioso junto do Pai. É a fé que temos. Ela sustentou os cristãos nesses dois mil anos. Sabemos e professamos que Jesus está no Céu. Depois da Ressurreição os discípulos sentiram sua ausência. O texto dos Atos dos Apóstolos quando fala dos discípulos de Emaús quer nos mostrar onde está Jesus. Precisamos acolhê-Lo ora presente. Os cristãos podem ter pensando: Onde está Jesus? Ele próprio responde através da aparição silenciosa e serena aos dois que iam para o campo (Lc 24,13-35). Viram Jesus de novo ali, com eles, vivo. Era o mesmo, mas não era do mesmo jeito. Nesse dia, dois deles iam para um vilarejo chamado Emaús. E conversavam sobre as coisas que tinham acontecido. Liam os sinais dos tempos. Então Jesus entra na conversa, como um desconhecido. Lembramos aqui a importância da presença de Jesus em nossos relacionamentos humanos, nossos bate-papos, nossos diálogos, nossas conversas. Não só quando falamos de assuntos espirituais. Jesus está presente quando falamos da vida, das coisas da vida e da vida de tantas coisas. O diálogo das pessoas, o bate papo inocente é também momento de encontrar Jesus. Estar reunidos no nome Dele, não acontece só quando rezamos, mas também quando lidamos com as pessoas no respeito, na simplicidade e na devoção pelo ser humano. Buscamos Jesus longe, quando Ele está tão dentro de nós e de nossos relacionamentos, como os dois discípulos de Emaús. 
1880. Conversando conosco 
Curiosamente Jesus entra na conversa e se interessa. A realidade do ser humano é o leito por onde passa a Palavra de Deus. Tomando conhecimento do assunto que tratavam, Jesus não age como um professor que dita ensinamentos. Coloca-se como aprendiz: o que foi? Pergunta. Não deixa de chamar atenção para que vejam os acontecimentos à luz da Palavra. E, começando por Moisés e pelos profetas, mostra como a Escritura orienta ao conhecimento de Jesus, pois fala Dele. É muito bom percebermos que nossos diálogos têm uma aproximação com a Palavra de Deus. A Bíblia não é uma pedra inamovível. Ela se mistura com nossa vida e, a partir dela, interpretamos nossa vida e a Palavra de Deus escrita nesse evangelho de carne e osso, feito de belezas e tristezas. Sua riqueza e santidade não estão no Livro Santo como uma biblioteca sagrada, pois sagrado é o ser humano. É no ser humano que a Palavra se encarnou em Nazaré, e continua se encarnando onde Deus quer. Isso não tira seu dom de ser Sagrada, mas desenvolve o sentimento do sagrado existente nas pessoas, seja quem for. Deus não faz distinção de pessoas (At 10,34). É preciso deixar a Palavra livre de nossos preconceitos. Não somos donos da Palavra. 
1881. Repartindo 
Chegaram à hospedaria e Jesus fez de conta que ia adiante (At 24,28). Então temos as lindas palavras dos dois discípulos: “Fica conosco Senhor, pois já é tarde e a noite vem chegando” (29). Há sempre necessidade de Jesus na passagem do dia para a noite. As trevas sem Ele são muito escuras. E cria-se então aquele ambiente único de bem estar sob uma pequena luz e muita fraternidade. Jesus toma o pão, faz a tradicional bênção e o distribui. Perceberam então que era Jesus, pois se lhes abriram os olhos. E Jesus desapareceu. Somente a Eucaristia é capaz de abrir nossos olhos para reconhecer Jesus. A alegria é imensa: Voltam na noite, melhor, na bela lua de Páscoa, para Jerusalém. Ele já estivera ali. Então contam o que acontecera pelo caminho e como O reconheceram no partir do pão. Sem encontrá-Lo em nosso caminhar, não saberemos onde Ele está.

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