quarta-feira, 17 de julho de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Falando de filhos”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
E os filhos, onde estão?
 
É tempo de uma reflexão aprofundada sobre a vida cristã em sua correspondência ao momento forte da vida de Jesus em sua morte e ressurreição. Continuamos a temática do matrimônio, refletindo agora sobre os filhos. O Papa Francisco, em sua Exortação Apostólica Amoris Laetitia – Alegria do amor – dedica-se a clarear a relação matrimônio e seu maior fruto, o amor que gera filhos. Ele mesmo afirma: “Uma vez que esta função educativa das famílias é tão importante e se tornou muito complexa, quero deter-me de modo especial neste ponto” (AL 259). A família é a educadora: “A família não pode renunciar ao seu lugar de apoio, acompanhamento, guia, embora tenha que reinventar os seus métodos e encontrar novos recursos. Por isso não deve deixar de se interrogar sobre quem se ocupa de oferecer a seus filhos a diversão, que conteúdo entra em suas casas através da televisão etc…, a quem os entrega para que os guie nos seus tempos livres” (AL 260). É difícil o equilíbrio entre o controle e a vigilância e a orientação. Tudo é necessário. O importante é o processo. Mais que controlar os movimentos é preciso controlar os espaços. “É importante gerar no filho, com muito amor, processos de amadurecimento de sua liberdade, de preparação, de crescimento integral, de cultivo da autêntica autonomia. Só assim terá elementos para defender-se e agir com inteligência” (AL 261). Acentua: “não é importante saber onde o filho está ou com quem está naquele momento, mas onde se encontra em sentido existencial, onde está posicionado do ponto de vista das suas convicções de seus objetivos e dos seus desejos, e o seu projeto de vida… onde está sua alma” (AL 261). 
1856. Liberdade de viver bem. 
Falando de maturidade, o Papa diz que não é só uma questão genética. O crescimento se dá em toda uma cadeia de elementos que se sintetizam no íntimo da pessoa, isto é, no centro da sua liberdade. Aí crescem a prudência, o reto juízo e a sensatez. “A educação envolve a tarefa de promover liberdades responsáveis que, nas encruzilhadas, saibam optar com sensatez e inteligência” (AL 262). Os demais instrumentos oferecidos pela sociedade são necessários, “mas a formação moral dos filhos nunca a podem delegar totalmente”. Não podemos confundir moral com moralismo que é uma falta de compreensão do que seja moral. “O desenvolvimento afetivo e ético de uma pessoa requer uma experiência fundamental: crer que seus pais são dignos de confiança” (AL 263). Sem isso se criam feridas profundas no seu amadurecimento. 
1857. Escola doméstica 
“A tarefa de casa”, junto a tantas outras obrigações do dia a dia consiste na educação da vontade, o desenvolvimento dos bons hábitos e tendências afetivas para o bem. Essa é a lenta maturação que supõe a imperfeição até chegar à plenitude maior. Essa educação consiste também em saber renunciar a uma satisfação imediata para se adequar a uma norma e garantir uma boa convivência. A formação moral deveria realizar-se com métodos ativos e com um diálogo educativo que integre a sensibilidade e a linguagem própria dos filhos. Podemos ver por experiência que os defeitos de uma família se tornam como uma segunda natureza. O acolhimento que os pais têm pelos outros penetra também os filhos. O amor e a dedicação aos outros se fazem na prática com as crianças. É por isso que faz muita falta a “Escola de Pais” para preparar e acompanhar a formação dos filhos. Os valores se aprendem em casa, com o leite da mãe e o carinho do pai.

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