sábado, 6 de julho de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Brilhe vossa luz!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
Luz do mundo 
O sermão da montanha, de modo especial as bem-aventuranças, é uma síntese do ser cristão. A nova lei não é uma “ordem”, mas o reconhecimento do que Deus faz em cada um. Ao dizer “vós sois o sal a terra... vós sois a luz do mundo” (Mt 5,1.14), está ensinando que as bem-aventuranças são o ser do cristão. É delas que vem a luminosidade e o sabor. A “salubridade e a luminosidade” do discípulo vêm de sua união com Cristo que, com sua vida, deu luz e sabor ao mundo. O Verbo de Deus, Jesus, é Luz e Vida (João 8,12). Dizendo que o cristão é luz do mundo, ensina que essa luz vem de sua união a Cristo na prática das bem-aventuranças. Paulo ensina: “Agora que sois luz no Senhor, andai como filhos da luz” (Ef 5,8). A luz é colocada no alto para irradiar a fim de que todos vejam. Essa luz é vida, como Jesus era a luz dos homens (Jo 1,4). A luz das boas obras brilhará diante dos homens, como Jesus brilhou e iluminou. Isaias proclama que, com as boas obras, a luz brilhará como a aurora. Ela é saúde e garantia na oração. “Nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio dia” (Is 58.7-10). Paulo dá o exemplo ao explicar seu modo de pregação: “Ao anunciar-vos o mistério de Deus, não recorri a uma linguagem elevada...Não julguei saber coisa alguma. A não ser Jesus Cristo, e este foi crucificado” Ele se baseava no poder de Deus e não na sabedoria dos homens (1Cor 2, 1-2.5). 
Sal da terra 
“Vós sois o sal da terra”. Se o cristão não for sal, torna-se inútil. Como a luz, o sal é fundamental para o bem viver. Há também uma referência ao aspecto cultual. Nos sacrifícios do templo era necessário colocar um pouco de sal sobre as vítimas: “Salgarás toda oblação que ofereceres e não deixarás de por na tua oblação o sal da aliança de teu Deus” (Lv 2,13). Tem sentido de conservação da aliança para sua estabilidade. Por se ligar ao sacrifício torna a vida comum um sacrifício agradável a Deus. Pedro diz que devemos “oferecer sacrifícios espirituais a Deus em Jesus Cristo” (1Pd 2,5). Toda a dimensão de sacrifício que é exigido para a vida cristã e as muitas propostas de sacrifício, há só um que vale por completo: o sacrifício da vontade, isto é, procurar a vontade de Deus que está expressa nas bem-aventuranças. Elas são o caminho para a vida. O sacrifício e a penitência não se medem pela dor, mas pelo amor com que levamos as cruzes do dia a dia. O profeta Isaías também nos oferece um caminho semelhante: repartir o pão com o faminto, acolher peregrinos, destruir os instrumentos de opressão, deixar os hábitos autoritários e a linguagem maldosa, acolher o indigente e socorrer o necessitado (Is 58, 7-10) 
Para que glorifiquem o Pai 
O sabor da vida que as boas obras dos cristãos oferecem é para o louvor de Deus: “Para que, vendo vossas boas obras, glorifiquem o Pai” (Mt 5,16). Esta é a liturgia fundamental que culmina na celebração. Com sua vida, Jesus foi uma oferta agradável que culminou na oferta sacrifical da Cruz. O discípulo assimila-se ao Mestre: É sacrifício “vivo, santo, agradável a Deus: É o culto espiritual” (Rm 12,1). Os sacrifícios são as obras das bem-aventuranças para que “glorifiquem o Pai que está no céu”. Glorificar é entrar em comunhão. É a função redentora da vida dos cristãos. O primeiro testemunho é a fé manifestada nas boas obras. Ser sal e luz é viver o evangelho sintetizado nas bem-aventuranças. Cada Eucaristia nos desvela a presença da Palavra e do Pão que são sustento e luz no caminho.

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