terça-feira, 23 de julho de 2019

Beatas Catarina do Carmo Caldés Socías e Micaela do Sacramento Rullan Ribot, Religiosas e mártires – 23 de julho

Beata Catarina do Carmo Caldés Socías
   
  Catarina nasceu no dia 9 de julho de 1899, em Sa Pobla (Mallorca), no seio de uma família de profundas raízes cristãs; era a segunda de quatro filhos dos esposos Miguel Caldés e Catarina Socías. Foi batizada no mesmo dia de seu nascimento na paroquia de Santo Antonio e poucos meses depois recebeu a confirmação. Estudou no colégio das Irmãs Franciscanas Filhas da Misericórdia, fundadas meio século antes em Pina (Mallorca), e continuou em contato com elas até que em 13 de outubro de 1921 vestiu o hábito azul que lhe é característico, professando em 14 de outubro de 1922.
     Seu primeiro destino foi Lloseta (Mallorca) onde ensinou as primeiras letras às crianças e ajudou nas tarefas domésticas. Além de Mallorca, também atuou em Ciutadella (Menorca), onde trabalhou no seminário e dali foi transferida para Barcelona. Decidida e alegre, no convento de Coll passou a cuidar dos doentes e, com ternura maternal, das crianças.
     Segundo testemunhos, Irmã Catarina era notável por sua bondade, humildade e ternura com as crianças.
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Beata Micaela do Sacramento Rullán Ribot

    Micaela nasceu na vila de Petra (Mallorca) no dia 24 de novembro de 1903 e recebeu o batismo no dia seguinte. Desde pequena frequentou o jardim da infância que as Irmãs Franciscanas Filhas da Misericórdia tinham na aldeia e sempre teve muito clara sua vocação de dedicar-se aos pequenos, uma maneira de exercer a misericórdia, manifestando desta forma o amor de Deus revelado por Nosso Senhor Jesus Cristo.
     Teve que emigrar para Valencia com seus pais por alguns anos e ao regressar a Palma de Mallorca, novamente passou a frequentar as franciscanas, colaborando na catequese; com suas amigas confeccionava roupas e brinquedos para doar aos mais necessitados. Ao decidir entrar na vida religiosa, teve que enfrentar comentários contrários, aos quais não dava importância. Também não mudou de opinião quando algumas pessoas aconselhavam-na a entrar em outra Congregação de maior ascendência. Escolhia as franciscanas precisamente por sua humildade e simplicidade.
     Em 14 de abril de 1928 ingressou como postulante nas Franciscanas de Pina; depois de um ano de prova, em 16 de outubro de 1929, emitiu a primeira profissão. Pouco depois de fazer sua profissão perpétua, em 16 de outubro de 1935, foi enviada para o convento de Coll. Tanto ao despedir-se de Palma, como ao chegar a Barcelona, Micaela expressou o pressentimento de sua morte próxima.

O martírio
     No dia 20 de julho, dois dias após a revolta contra a república, por volta das 15 horas, um grupo de milicianos anarquistas se apresentou no convento. Diante de suas perguntas, elas se identificaram abertamente, não ocultando nem sua condição religiosa nem sua missão. Depois de divagações, os milicianos levaram as Irmãs Micaela e Catarina para a sede do comitê da FAI (Federação Anarquista Ibérica), onde as mantiveram presas durante três dias. Foram torturadas e receberam um tratamento cruel, vexatório e degradante.
     Então elas foram levadas para uma estrada da periferia, em direção a Tibidabo, e na famosa curva chamada Rabassada, foram fuziladas junto com outras duas religiosas da Companhia de Santa Teresa, Madre Mercedes Prat y Prat, e a Irmã Joaquina Miguel (que se salvou milagrosamente do fuzilamento), além do Irmão Pau Noguera, Missionário dos Sagrados Corações, e da Sra. Prudência Canyelles. Era a tarde do dia 23 de julho de 1936.
     Irmã Micaela morreu no ato, tinha 32 anos. Entretanto, Irmã Catarina ficou gravemente ferida e durante a noite, com grandes esforços, pode bater na porta de uma casa conhecida, pedindo-lhes um copo de água. Eles lhe deram um copo de leite e uma cadeira para se sentar no jardim, porque, por medo de represálias, não a deixaram entrar na casa. Esta família chamou um parente miliciano para que a acompanhasse ao hospital para curá-la. Na verdade, ele ia leva-la, mas na estrada para o Vall de Hebron os milicianos deram cabo de sua vida. Irmã Catarina tinha 37 anos de idade.
Beatificação
     Mons. Joan Pons I Payeras, atual reitor da Igreja de San Antoni Abat de La Puebla e biógrafo da Irmã, foi o promotor da beatificação de Irmã Catarina do Carmo Caldés. Em 28 de outubro de 2007, foi proclamada beata da Igreja Católica pelo Papa Bento XVI, junto com a Irmã Micaela do Sacramento.


A Congregação das Franciscanas Filhas da Misericórdia foi fundada em setembro de 1856, em Pina (Mallorca, Espanha), pelo sacerdote Gabriel Mariano Ribas e sua irmã Maria Josefa. Instituição humilde e pobre desde suas origens, tinha como objeto as aldeias da Ilha de Mallorca, e era constituída principalmente de vocações florescentes nos campos da ilha. Após conveniente preparação, as religiosas ou voltavam para o campo, ou iam para as cidades, para servir aos pobres e idosos, cuidar dos doentes em suas casas ou em dispensários, educar as crianças, colaborar nas paroquias, etc. A Congregação esteve sempre vinculada à Ordem Terceira Franciscana, à qual pertencia seus fundadores.

     Na cidade de Barcelona, próximo ao santuário dedicado à Nossa Senhora de Coll, havia um humilde convento de quatro religiosas desta Congregação, todas oriundas de Mallorca. Quando irrompeu a guerra civil espanhola (18 de julho de 1936) ali se encontravam as Irmãs Catarina Caldés e Micaela Rullán.
     As religiosas tinham como tarefa cuidar de crianças e de enfermos, com total desinteresse, subsistindo a obra graças a donativos.
     Irmã Catarina deixou muito boas recordações por todos os lugares que passou. Estava servindo de enfermeira a domicílio quando na rua lhe dirigiram ameaças e gritarias anticlericais. Embora pessoas amigas tivessem oferecido para esconde-la, preferiu reunir-se às suas Irmãs para com elas enfrentar os sofrimentos daqueles momentos inseguros e voltou para o convento vestida de civil.

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