PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 51 ANOS CONSAGRADO 43 ANOS SACERDOTE |
Fé para evangelizar
A leitura dos Atos dos Apóstolos e da 2ª epístola a Timóteo narra o sofrimento e a fortaleza de Pedro e Paulo. Por serem discípulos de Jesus foram perseguidos. Em sua fé encontraram força na certeza da presença de Jesus. Paulo diz: “O Senhor esteve ao meu lado e me deu forças” (2Tm 4,17). Pedro tem o mesmo sentimento: “Sei que o Senhor enviou o seu anjo para libertar-me do poder de Herodes e de tudo o que o povo judeu esperava” (At 12,11). A fé é a garantia dessa certeza: “Tu és o Messias, Filho de Deus vivo”, diz Pedro (Mt 16,16). Paulo proclama: “Combati o bom, combate, completei minha carreira, guardei a fé” (2Tm 4,7). A missão dos dois apóstolos não é só uma obra apostólica, mas fruto de uma fé. Esta fé não é uma atitude primeiramente humana, mas vem do próprio Pai. Jesus o afirma: “Feliz és tu, Simão, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está nos céus” (Mt 16,17). O fundamento de toda a fé é o dom do Pai, acolhido pelo homem. Isto porque a fé supõe também a condição humana. Jesus afirma categoricamente: “Por isso Eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la” (Id 18). Aqui tem um jogo de palavras: Pedro e pedra são a mesma palavra em hebraico – Cefas. A fé está em uma pessoa. Lembramos que Jesus se encarnou na “humanidade” e os sacramentos têm a parte material, por exemplo, o pão e o vinho, a água etc... Por isso temos a missão de Pedro que é continuada pela Igreja, tendo Pedro, o Papa, como cabeça. O modo de o Papa ser Papa, varia de acordo com os tempos. Cada Papa nos abre uma compreensão de um aspecto de seu ministério. Nenhum Papa é igual ao outro, mas todos continuam a missão de Pedro de confirmar na fé (Lc 22,32).
Um modo de viver da Igreja
Entre os muitos ensinamentos da festa dos dois apóstolos, podemos refletir a partir de sua missão que é a unidade de fé missão de Cristo na diversidade. A unidade se faz na fé. A mesma fé em situações diferentes traz um modo de ser Igreja. Esta não se fixa nas formas, mas no dinamismo da fé. Havia uma grande questão que incomodava as comunidades: “Os cristãos provindos do paganismo deveriam praticar a lei judaica?” Foi definido pelos apóstolos que os judeus convertidos seguiriam a lei de Moisés e as tradições e crendo em Jesus como Messias. Os gentios não teriam obrigação de seguir os preceitos da tradição judaica, mesmo sendo cristãos. São dois modos de ser Igreja. O modo judeu durou algum tempo. É importante para a Igreja abrir às pessoas o conhecimento de Jesus para que lhes seja dada a fé como foi dada a Pedro. Mas deve-se estar atento à diversidade das culturas para que não se atrele a fé a uma cultura, como aconteceu por séculos. Não se nega o valor da cultura de romana, mas as culturas dos povos também têm grandes valores. Esse é o ensinamento do Vaticano II no documento Ad Gentes sobre a missão (AG nº 10 e 22).
Viver a fé na adversidade
A liturgia do dia lembra um resultado da pregação dos apóstolos e ao mesmo tempo indica como devemos viver: “Concedei-nos viver de tal modo na vossa Igreja que, perseverando na fração do pão e na doutrina dos apóstolos e enraizados no vosso amor, sejamos um só coração e uma só alma” (Pós-Comunhão). Viver a fé exige que a vida de comunidade seja completa acolhendo a Palavra, formando a comunidade, unindo-se na oração e na festiva fraternidade. Não existe uma fé só para si. Cremos e entramos em um corpo que é a Igreja. Pedro, por ser mais próximo de nós, é mais conhecido que Paulo.
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