sexta-feira, 1 de março de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Permanente conversão”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA-REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
Figueira estéril 
No tempo da Quaresma entramos no coração da História da Salvação e contemplamos os fatos maravilhosos e tristes que aí se encontram. Diante da fragilidade humana está a misericórdia de Deus. São Paulo explica que “nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem e passaram o mar”. Deus fez maravilhas para eles. Qual a resposta? “A maior parte deles desagradou a Deus. Morreram e ficaram no deserto” (Ex 10,1.5). O que faltou em Deus para fazer bem ao povo? Qual a resposta? Esterilidade! A parábola sobre a figueira estéril sintetiza bem a história do povo: Um homem tinha uma figueira e foi buscar figos e não encontrou. Mandou que fosse cortada, pois ocupava espaço. O vinhateiro lhe disse: “Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. Pode ser que venha dar fruto. Se não der, então tu a cortarás” (Lc 11,8-9). Deus busca frutos em nós. O fato de sermos povo de Deus não nos garante. O que garante é a constante conversão. O povo viveu momentos grandiosos da bondade de Deus e não soube corresponder. Paulo diz que esses fatos aconteceram para ser um exemplo para não fazermos o que fizeram. E diz também “Quem julga estar de pé tome cuidado para não cair” (1Cor 10,12). É um alerta forte para que não nos sentamos seguros na vida de fé e na prática da vida cristã. É necessária uma permanente conversão. Esse negócio de dizer que Jesus já me salvou ou sou ungido, já sou padre etc... Jesus responde: “Mas se não vos converterdes, vós ireis morrer do mesmo modo” (Lc 13,5). 
Misericórdia que salva 
“Eterna é sua misericórdia”. A todos é dado o tempo da paciência de Deus que é eterna. Se nos ocorrem coisas difíceis, podemos ver que não vêm de Deus, mas de nossa fragilidade ou cabeça dura, como ocorreu com o povo no deserto. Moisés dizia: “Esse povo tem cabeça dura” (Ex 32,9). Mesmo assim Deus sempre vem ao nosso encontro com novas propostas de vida. Rezamos no salmo: “A maior proposta é Jesus que é a expressão do amor de Deus. Jesus demonstra sua condição de Deus perdoando, amando, cuidado de todos, sobretudo dos pecadores. Temos diversas parábolas e gestos que narram essa misericórdia como “a ovelha perdida”, “o pai misericordioso” (o filho pródigo), Zaqueu, o jantar na casa de Mateus, os perdoados, os doentes curados, endemoniados libertados. Como preparação para a Páscoa, lemos que a festa não é somente um acontecimento, mas é a realização plena da misericórdia de Deus que dá Vida. Jesus sofredor assumiu nossas dores e “se fez pecado por nós” (2Cor 5,21). A Ressurreição de Jesus é a expressão da misericórdia de Deus que em Jesus perdoa a todos, com amor total. 
Manifestar o que o sacramento realizou 
A oração pós-comunhão ensina como a conversão conduz à vivência cristã: “Já saciados na terra com o pão do céu, nós vos pedimos a graça de manifestar em nossa vida o que o sacramento realizou em nós” (Pós-Comunhão). A atitude de fé conduz à prática. O sacramento não é somente um ato religioso, mas um dinamismo que leva a agir produzindo frutos. A figueira só tem sentido ocupar espaço no jardim se produz frutos. Frutos são sinal de vida. O tempo quaresmal é um sacramento, como nos diz a oração do primeiro domingo. Sacramento é um símbolo que realiza o que explica. O sacramento da Quaresma anuncia a Palavra que nos instrui para a compreensão do Mistério Pascal e nos purifica pelas ações coerentes com o que foi anunciado.

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