sábado, 1 de dezembro de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Eu sou o bom Pastor”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA-REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
O bom pastor dá a vida
O Evangelho desse domingo é uma aula sobre a pastoral prática aos apóstolos. É um bom ensinamento para todos que seguem Jesus, principalmente aqueles que dirigem o povo de Deus, seja no ministério, seja nas demais atividades religiosas e civis. Pastores são todos os que estão unidos a Jesus. Jesus, bom pastor de seu pequeno grupo de apóstolos, leva-os a estar a sós com Ele e ouve deles as peripécias de sua “missão”. Ensina assim que é preciso estar com Ele. Estar com Ele era o desejo de todos. Nosso verdadeiro descanso não é tanto a distância do povo, mas ter o coração de Jesus que ama o povo. “Ao ver a multidão, teve compaixão porque eram como ovelhas sem pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas” (Mc 6,34). Esta é a radiografia do coração de Jesus que sabia compadecer-se do sofrimento e da sede de Deus que o povo tinha e saciava-se ao ouvi-Lo. Seu interesse era o bem do povo. É esse Jesus que deve ser nosso modelo. Sua atitude de permanente entrega de vida O acompanha até a Cruz e continua ainda na glória do Pai a ser nosso “intercessor” (Hb 7,25). No discurso sobre o Bom Pastor acentua que “O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas” (Jo 10,11). O profeta Jeremias relata como eram os pastores e como estavam distantes do projeto de Deus. Quem eram os pastores? Eram os reis, os sacerdotes e os sábios profetas da falsidade (Frederici A 427). Esses pastores deixaram o povo perder-se e dispersar-se pelo exílio. Não cuidavam do rebanho. Diz Deus: “Eis que irei verificar isso entre vós e castigar a malícia de vossas ações” (Jr 23,1-2). Quem são os pastores de hoje? Tanto os da Igreja Católica, como os pastores das outras igrejas, os pastores da política, os pastores da economia, das ciências e tantos mais, zelam pelos próprios interesses.
 Destruir o muro de separação
            Jesus ensina como cuidar do povo sofrido. Ele dá a vida. Ele veio romper a barreira que existia entre os necessitados e os pastores. Paulo disse que “Cristo é nossa paz. Do que era dividido, Ele fez uma unidade. Em sua carne destruiu o muro de separação, estabelecendo a paz” (Ef 2,14). Referia-se à separação de judeus e pagãos. Em Cristo realizou-se a união. Agora temos que descobrir os muros que nos separam dos necessitados os quais Jesus cuidava. Há muitos muros que deixam o povo sem acesso às coisas básicas para a vida, a cultura e o bem estar. As condições da população são calamitosas. E ainda vivemos num paraíso. Pensemos ainda em tantos povos que vivem em condições subumanas. É momento de os pastores da Igreja desconstruírem os muros que isolam o povo dos bens básicos e mesmo os bens espirituais. O povo é o mesmo que corria atrás de Jesus e Ele, sentia compaixão dele. E o socorria com a palavra e os milagres. Não basta salvar as estruturas e deixar os necessitados sem acesso. Jesus era compaixão.
Solidários para a compaixão
            Não ver o sofrimento do povo já é fruto de um coração que não conhece Jesus. Preferimos um Jesus que nos fale outra linguagem, ou selecionamos o que nos interessa. Para Jesus, a vontade do Pai era que se buscasse a ovelha perdida (Jo 6,39). A compaixão de Jesus para com os necessitados não é somente um sentimento a imitar, mas um modelo de Igreja a se instaurar. Já é tempo de parar com a atitude de cuidar de quem já está bem, mas organizar a comunidade para que, unida na experiência de Jesus, busque os necessitados. Jesus continua em nós sua missão de manifestar a misericórdia e a compaixão.
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