sábado, 1 de dezembro de 2018

Beata Clementina Anuarite Nengapeta, a Sta. Inês africana – 1º dezembro

     Anuarite Nengapeta nasceu no dia 29 de dezembro de 1939. Era a quarta das seis filhas de Amisi e Isude. A família de pagãos africanos da etnia Wadubu vivia na periferia de Wamba, no Congo. Ao ser batizada em 1943, acrescentaram-lhe o nome Afonsina. Na ocasião, também receberam esse sacramento sua mãe e quatro irmãs. A mais velha nunca abraçou a doutrina católica. Seu pai até começou a preparar-se para a conversão, mas depois desistiu, pois formou outra família enquanto trabalhava como soldado do exército congolês.
     A nova situação familiar refletiu pouco na formação de Anuarite, que teve uma infância e adolescência consideradas normais. Era vivaz e caridosa, de personalidade marcante e temperamento amistoso e generoso. O nervosismo, porém, era o ponto fraco do seu caráter. Era muito sensível e instável. Gostava de frequentar a igreja, ia à missa aos domingos com a mãe e as irmãs. Em seguida, ficava estudando o catecismo para poder receber a primeira comunhão, que ocorreu em 1948.
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      Desde criança Anuarite sabia bem o que queria: certo dia, na escola primária, durante a recreação, aproximou-se da professora e disse-lhe: “Quero o trabalho de Deus”. Dito e feito: não só levou a cabo este trabalho, mas levou-o em frente até ao fim, dando a sua vida por Cristo.
     Iniciou os seus estudos e diplomou-se junto ao colégio das Irmãs do Menino Jesus de Nivelles, missionárias na África. Em 1957, decidiu ingressar na Congregação da Sagrada Família. Foi aceita e durante o noviciado teve como orientador espiritual o Bispo de Wamba. Em 1959, diplomou-se professora, vestiu o hábito e emitiu os votos definitivos, tomando o nome de Maria Clementina. Desde então se dedicava e empenhava muito nas funções que lhe eram destinadas: foi sacristã, auxiliar de cozinheira e professora de uma escola primária. Devota extremada de Maria e de Jesus, vivia feliz por ter-se consagrado ao seu serviço.
     O Congo da época era governado pelos brancos. Em 1960, havia uma grande campanha contra esse domínio europeu. Fervilhava o ódio racial e não durou muito para traduzirem-se em barbárie os ideais políticos. A revolução dos Simbas explodiu no ano seguinte, iniciando um violento massacre para eliminar todos os europeus, seus amigos e colaboradores negros.
     No Convento de Bafwabaka, tudo era calmo até 1964. Em agosto daquele ano, os rebeldes já tinham ocupado grande parte do país. A cada dia avançavam mais, saqueando e matando milhares de civis congoleses indefesos. Mais de cento e cinquenta missionários, entre sacerdotes, religiosos e irmãos já haviam morrido também.
     Os rebeldes chegaram ao convento em 29 de novembro e levaram as trinta e seis integrantes da Sagrada Família, entre elas Irmã Maria Clementina Anuarite, de caminhão, para Isiro. Na noite do dia 1º de dezembro de 1964, o Coronel Olombe tentou seduzi-la. Mas ela se recusou a satisfazer seus desejos carnais: “Eu prefiro morrer antes de cometer o pecado”. Além disso, para defender a superiora, ameaçada de morte por causa da sua rejeição, Anuarite dirige-se aos soldados com as seguintes palavras: “Matai-me só a mim”. O Coronel Olombe a esbofeteou e golpeou com a coronhada do fuzil, depois disparou, matando-a. Antes de perder os sentidos e diante da aproximação da morte, encontrou forças para perdoar seu algoz: “Eu o perdoo... Tu não percebes o que estás fazendo... O Pai te perdoe”.
     O papa João Paulo II, durante sua viagem ao Congo em 1985, beatificou Maria Clementina Anuarite Nengapeta. Tornou-se a primeira mulher banto a ser elevada aos altares da Igreja Católica, cuja festa deve ser no dia de sua morte. Na solenidade de beatificação, o sumo pontífice definiu Anuarite como modelo de fidelidade para todos os católicos do mundo. Depois, enalteceu sua castidade, e a igualou a Santa Inês, mártir do início da cristandade, dizendo: "Anuarite é a Inês do continente africano".

Fontes:
http://www.paulinas.org.br 

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