quinta-feira, 1 de novembro de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Permanecei e Mim”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
Permanecemos Nele
            Permanecer em Cristo é o normal da vida cristã. A união a Cristo pela fé é condição para viver o dom da salvação. Não se trata só de um estado espiritual que conquistamos, mas de um modo de vida. Fomos enxertados em Cristo (Rm 11,16-24). Jesus usa a imagem da videira. O tronco continua nos galhos e os faz vivos produzir frutos pela seiva que recebem. Na história do povo de Deus a videira tem um significado importante. Tem o sentido da paz, como lemos na narrativa do dilúvio quando Noé a planta e faz o vinho; É símbolo do povo que foi transplantado do Egito para a terra prometida (Sl 79,9ss); É o vinho que alegra o coração (Sl 103,15); É símbolo da espera messiânica - assentar-se sob a videira - (Miq 4,4); Lembra o banquete messiânico no qual serão servidos vinhos finos (Is 25,6); O vinho era usado nos sacrifícios dos templos (Nm 15,5); Essa riqueza de simbolismos nos leva a compreender como estamos unidos a Cristo. Se permanecermos Nele, podemos pedir o que quisermos e seremos atendidos porque estamos unidos à fonte de todos os bens. O fruto da videira, o vinho, era usado na ceia pascal que também Jesus celebrou. A imagem nos conduz ao vinho novo de Caná e ao vinho da Ceia que, unido ao sangue do coração perfurado de Cristo, nos une à Morte e Ressurreição do Senhor. É sinal do povo santo do Senhor. Os ramos estéreis são cortados para fortalecer os fecundos. Jesus produz os frutos no mundo através dos ramos da videira que produzem na força do tronco. A glória de Deus é que demos frutos. Os Atos dos Apóstolos narram os frutos que Paulo produziu depois de sua conversão. Por isso os apóstolos insistem em suas pregações que se convertam e arrependam-se dos pecados. Deste modo se unem a Cristo.
Amar com ações e verdade
            Permanecer em Cristo é guardar a fé e cumprir os mandamentos. O mandamento é o amor. Crer significa também amar uns aos outros. Não é um amor a poucos “irmãos”, mas a todos, como Deus ama, não fazendo distinção de pessoas (Mt 5,45). Guardar esse mandamento é permanecer unido a Cristo. Onde não existe o amor universal manifestado em palavras e gestos, não existe a fé em Jesus. É uma idolatria, isto é, uso de Deus em próprio proveito. Deus é para ser adorado e amado e não ser usado. Os ramos não são parasitas na árvore, mas parte dela, vivendo da mesma seiva. A seiva que nutre e produz fruto é o amor. “O mandamento de Deus é que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo e que nos amemos uns aos outros”. A fé nos une a Deus e o amor realiza a obra da fé, pois a fé sem obras é morta (Tg 2,17). A videira produz frutos. A comunidade tem seus membros unidos uns aos outros pela vida comum a todos. O amor une os que crêem em Jesus.
Liberdade verdadeira
            As orações da celebração insistem na liberdade que essa união a Cristo nos confere: “Concedei aos que crêem no Cristo a liberdade verdadeira e a herança eterna” (Oração). É uma verdade a ser vivida: “Concedei que, conhecendo vossa verdade lhe sejamos fiéis” (Oferendas); Os sagrados mistérios celebrados nos passam à nova vida: “Fazei passar da antiga à nova vida, aqueles a quem concedestes a comunhão nos vossos mistérios” (Pós comunhão). Há uma real união entre Eucaristia e a vida cristã. A realidade espiritual se torna presente pela memória sacramental. Certa vez, celebrando para os pacientes dos hospitais psiquiátricos de Garça, ouvi uma senhora completar a oração dos fiéis com a frase: “A Eucaristia é minha ressurreição”. A videira produz frutos de Ressurreição.
https://refletindo-textos-homilias.blogspot.com/
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário