quinta-feira, 15 de novembro de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “No Senhor está toda graça e redenção”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA-REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
O pecado tomou conta
O Evangelho do 10º Domingo do Tempo Comum coloca-nos diante do tema da incompreensão que foram vítimas Jesus e sua missão. Os primeiros que não O compreenderam foram seus familiares que, julgando-O fora de si, queriam agarrá-Lo, pois não tinha tempo nem para comer (Mc 2,20-21). Jesus, por experiência, dissera que “os inimigos serão os próprios familiares” (Mt 10,36). Em segundo lugar vem os mestres da lei que, vendo Jesus expulsar demônios, diziam que estava possuído por Belzebu (chefe dos demônios). Identificam Jesus com o demônio. Jesus mostra o absurdo, dizendo que o diabo está lutando contra si mesmo. E completa a explicação afirmando que todo o pecado será perdoado, menos o pecado contra o Espírito Santo. Não tem perdão porque a pessoa se fecha, atribuindo a Cristo ações diabólicas. A Palavra de Deus indica a origem desse mal: o pecado dos primeiros pais, Adão e Eva, narrado no Gênesis. Não se trata tanto de narrar uma história em como foi, mas dizer que a raiz do mal está dentro de nós. Foi uma escolha da humanidade na pessoa dos primeiros pais. O homem e a mulher na desobediência, recusaram Deus. E o mal entrou no mundo e cresce com nossos pecados. Deus condena a serpente: a descendência da mulher, Jesus, vai esmagar sua cabeça. O pecado tomou conta, mas a graça é maior que o pecado, como diz Paulo: “Onde abundou o pecado, mais abundante foi a graça” (Rm 5,20). Deus quis mostrar através de Jesus sua misericórdia para que se vença o pecado e se viva a graça da comunhão com Deus. A aclamação ao evangelho diz: “O príncipe deste mundo agora será expulso” (Jo 12,32). Jesus, com sua morte e ressurreição, venceu o mal.
Adão estava nu
O paraíso terrestre simboliza a graça de Deus. A familiaridade de Adão com Deus é o paraíso. O fato de estar nu explica que o homem todo vive a riqueza da graça. O pecado rompeu a comunhão. Em Cristo foi recuperada a intimidade com Deus. Nada impede a aproximação de Deus. Somente o pecado destrói a comunhão. O pecado é uma opção. Temos muitas fragilidades, mas o mal está nas escolhas que fazemos. A sociedade se deixa levar pela tentação: “Sereis iguais a Deus, sendo donos do bem e do mal”. Vemos que o pecado entrou na pessoa e em suas opções. Um mundo sem pecado é o paraíso terrestre. Podemos não vencer sempre, mas a capacidade de viver a graça transformará a realidade em que vivemos. Todos os males que sofremos na sociedade provêm das escolhas pervertidas. É certo que a natureza é frágil. Paulo nos explica: “Mesmo se o homem exterior vai se arruinando, o nosso homem interior, pelo contrário, vai se renovando, dia a dia” (2 Cor 4,16). “O visível é passageiro, o invisível é eterno” (18).
A serpente me enganou
            A família de Adão escolheu recusar a vontade de Deus que era para seu bem. Fazer-se a Deus não é um bem para o ser humano. Jesus cria a nova família dos que crêem. O caminho da redenção passa pelo Deus que não abandonou sua criatura amada e pelo homem que reconhece mal e clama a Deus do profundo de sua miséria, pois põe sua esperança em Deus no qual encontra o perdão (Sl 129). A esperança nos dá a certeza de uma morada futura, quando a atual for destruída. A Ressurreição é a luz para uma existência sofrida.  Por isso rezamos: Fazei-nos pensar o que é certo e realizá-lo por vossa ajuda” (Oração). A serpente foi pisada por Cristo. Temos um tempo novo.
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