O Evangelho do 10º Domingo do Tempo Comum coloca-nos diante do tema da
incompreensão que foram vítimas Jesus e sua missão. Os primeiros que não O
compreenderam foram seus familiares que, julgando-O fora de si, queriam
agarrá-Lo, pois não tinha tempo nem para comer (Mc 2,20-21). Jesus, por experiência, dissera
que “os inimigos serão os próprios familiares” (Mt 10,36). Em segundo lugar vem os mestres
da lei que, vendo Jesus expulsar demônios, diziam que estava possuído por Belzebu
(chefe dos demônios). Identificam Jesus com o demônio. Jesus mostra o absurdo,
dizendo que o diabo está lutando contra si mesmo. E completa a explicação
afirmando que todo o pecado será perdoado, menos o pecado contra o Espírito
Santo. Não tem perdão porque a pessoa se fecha, atribuindo a Cristo ações
diabólicas. A Palavra de Deus indica a origem desse mal: o pecado dos primeiros
pais, Adão e Eva, narrado no Gênesis. Não se trata tanto de narrar uma história
em como foi, mas dizer que a raiz do mal está dentro de nós. Foi uma escolha da
humanidade na pessoa dos primeiros pais. O homem e a mulher na desobediência, recusaram
Deus. E o mal entrou no mundo e cresce com nossos pecados. Deus condena a
serpente: a descendência da mulher, Jesus, vai esmagar sua cabeça. O pecado
tomou conta, mas a graça é maior que o pecado, como diz Paulo: “Onde abundou o
pecado, mais abundante foi a graça” (Rm 5,20). Deus quis mostrar através de Jesus sua misericórdia
para que se vença o pecado e se viva a graça da comunhão com Deus. A aclamação
ao evangelho diz: “O príncipe deste mundo agora será expulso” (Jo 12,32). Jesus, com
sua morte e ressurreição, venceu o mal.
Adão
estava nu
O paraíso terrestre simboliza a graça de Deus. A familiaridade de Adão
com Deus é o paraíso. O fato de estar nu explica que o homem todo vive a riqueza
da graça. O pecado rompeu a comunhão. Em Cristo foi recuperada a intimidade com
Deus. Nada impede a aproximação de Deus. Somente o pecado destrói a comunhão. O
pecado é uma opção. Temos muitas fragilidades, mas o mal está nas escolhas que
fazemos. A sociedade se deixa levar pela tentação: “Sereis iguais a Deus, sendo
donos do bem e do mal”. Vemos que o pecado entrou na pessoa e em suas opções.
Um mundo sem pecado é o paraíso terrestre. Podemos não vencer sempre, mas a
capacidade de viver a graça transformará a realidade em que vivemos. Todos os
males que sofremos na sociedade provêm das escolhas pervertidas. É certo que a
natureza é frágil. Paulo nos explica: “Mesmo se o homem exterior vai se
arruinando, o nosso homem interior, pelo contrário, vai se renovando, dia a dia”
(2 Cor 4,16). “O
visível é passageiro, o invisível é eterno” (18).
A
serpente me enganou
A
família de Adão escolheu recusar a vontade de Deus que era para seu bem. Fazer-se
a Deus não é um bem para o ser humano. Jesus cria a nova família dos que crêem.
O caminho da redenção passa pelo Deus que não abandonou sua criatura amada e
pelo homem que reconhece mal e clama a Deus do profundo de sua miséria, pois
põe sua esperança em Deus no qual encontra o perdão (Sl 129). A esperança nos dá a certeza de
uma morada futura, quando a atual for destruída. A Ressurreição é a luz para uma
existência sofrida. Por isso rezamos: “Fazei-nos pensar o que é certo e
realizá-lo por vossa ajuda” (Oração). A serpente foi pisada por Cristo. Temos um tempo novo.
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