“Felizes os mansos, porque possuirão a terra” (Mt 5,4). Com essas palavras das bem-aventuranças, o Papa Francisco, em sua
exortação apostólica Gaudete et Exultate, apresenta mais um traço da
personalidade de Jesus. Revela um aspecto de seu ser. Ele é Deus, mas tem que
lidar com os homens. Como homem tem seu caminho muito claro: a mansidão. No
momento de sua prisão, no Jardim das Oliveiras, diz a Pedro que, se pedisse, o
Pai lhe mandava dez legiões de Anjos para defendê-Lo. Seriam 60.000 soldados (Mt 26,53). A única
reação foi reclamar de Judas: “É com um beijo que trais o Filho do Homem?” (Lc 22,48). O Papa lembra que o
mundo é o reino da agressividade nas mais diversas formas. A violência domina o mundo desde o
assassinato de Abel. O próprio Jesus foi vítima da violência. “Embora pareça
impossível, Jesus propõe outro estilo: a mansidão”. Em sua entrada em Jerusalém, retoma a profecia de Zacarias 9,9 que
anuncia: “Aí vem o teu Rei, ao teu encontro, manso e montado num jumentinho» (Mt 21,5;Zc 9,9). O futuro Messias
vem a seu templo na mansidão. E ensinava aos discípulos: “Aprendei de Mim,
porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso
espírito” (Mt 11,29).
O sinal claro de sua mansidão era a proximidade do povo. Ele mesmo diz
de Si: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e
oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim,
que sou manso e humilde de coração e; encontrareis descanso para as vossas
almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11,28-30).
2116. A mansidão faz bem
“Se vivermos tensos, arrogantes
diante dos outros, acabamos cansados e exaustos. Mas, quando olhamos os seus
limites e defeitos com ternura e mansidão, sem nos sentirmos superiores, podemos
dar-lhes uma mão e evitamos gastar energias em lamentações inúteis. Para Santa
Teresinha, ‘a caridade perfeita consiste em suportar os defeitos dos outros, e
não se escandalizar com as suas fraquezas”’(GE 72). Paulo e Pedro, em
suas cartas, ensinam a necessidade e a força da mansidão. Isso deve se
demonstrar nas atitudes cotidianas, como na correção dos irmãos, na defesa da
fé, no confronto com os adversários. É impressionante o número de pessoas que
deixaram a Igreja ou se desiludiram por causa do modo como foram tratados. O
confessionário é ainda um terror, pois as pessoas tinham medo de serem
maltratadas. Sto. Afonso dizia que o pregador deve ser um leão no púlpito e um
cordeiro no confessionário. Corrigir o pecado não é tratar mal a pessoa. Até os animais respondem melhor diante da
mansidão. Jesus se declara servidor e manso cordeiro que vai ao encontro da
morte rezando por seus perseguidores (Mt 5,44).
2117. Donos do mundo
Como o mundo depende de quem manda,
quem é manso tem um trânsito muito maior no mundo do que quem, na violência,
quer tomar o poder. A mansidão realiza um tipo de poder que não interfere no
poder, mas tem poder de mudar sem ferir, pressionar, forçar e ofender. “Porque
os mansos, independentemente do que possam sugerir as circunstâncias, esperam
no Senhor, e aqueles que esperam no Senhor possuirão a terra e gozarão de
imensa paz (Sl 37/36,9.11). Ao mesmo tempo, o
Senhor confia neles: “é nos humildes de coração contrito que os meus olhos se
fixam, pois escutam a minha palavra com respeito” (Is 66,2) (GE74). O acolhimento dos mansos por parte dos pobres, tira-os do desencanto e
do desânimo que a vida pode trazer. Formam o corpo do povo reunido. O Papa Francisco
conclui: “Reagir com humilde mansidão: isto é santidade”.
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