terça-feira, 16 de outubro de 2018

REFLETINDO A PALAVRA -

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA-REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
Aliança no coração 
A misericórdia de Deus nos abraça nesta Quaresma com as contínuas propostas de aliança que fez com nossos antepassados na fé. Houve um crescimento na comunicação de Deus com seu povo a partir de Noé, passando por Moisés e pelos profetas até chegar a Jesus. Nele aconteceu a aliança nova e eterna. Em Cristo, estamos em comunhão com Deus. As alianças sempre foram seladas com sacrifícios simbólicos de animais. A eterna aliança é selada e garantida pelo sangue do Cordeiro que com sua morte e ressurreição, lavou nossas almas e nos adquiriu para Deus. Esta aliança não é feita somente com o povo escolhido, mas com todos os povos, como lemos no evangelho. Marcos narra que um grupo de gregos chegou a Filipe e disse: “Queremos” ver Jesus (Jo 12,21). A atitude dos gregos mostra para Jesus que já é o momento de sua glorificação, isto é, de sua morte na cruz e de sua ressurreição. O caminho da redenção acontece primeiramente em Jesus e é apoiado em sua obediência. O acolhimento da vontade do Pai é causa de salvação a todos que Lhe obedecem. A obediência é sinal da interiorização da aliança feita no coração. A morte e ressurreição de Jesus não são somente acontecimentos, mas entrega obediente ao Pai. Ser discípulo é ser como o Mestre: “Se alguém me quer seguir, siga-me, e onde eu estou estará também o meu servo” (Jo 12,26). Esse lugar é a cruz que é a obediência ao Pai. Por isso é preciso perder a vida para ganhá-la. Perder a vida é colocar-se em condição de permanente escuta do Pai. O salmo nos oferece o caminho para o acolhimento da vontade do Pai: “Criai em mim um coração puro, dai-me de novo um espírito decidido” (Sl 50). A Quaresma é o momento ritual para essa renovação do coração. A Páscoa penetra toda a vida. Por isso caminhamos com alegria como Jesus. 
Entre gritos e lágrimas 
A reflexão nos conduz a compreender Jesus em sua condição de vítima que se oferece. Diante do sofrimento, sofreu como sofre todo homem e mais ainda, assumiu em si toda a humanidade sofredora. “Ele, como lemos na carta aos Hebreus, dirigiu preces e súplicas com forte clamor e lágrima àquele que era capaz de salvá-lo da morte e foi atendido por causa de sua entrega a Deus” (Hb 5,7). Sofreu como todo homem e se tornou modelo de aceitação da vontade do Pai. Tem certeza que Deus não O abandona, mas O acolhe na ressurreição. O evangelho usa o grão de trigo como exemplo: Cristo se assemelha ao grão de trigo: vai morrer para viver e dar vida. Apegar-se à vida é perdê-la. A vida tem sentido se é doada como multiplicação, como o grão que morre para dar vida. “Quando eu for elevado da terra atrairei todos a mim” (Jo 12,32). A fé não é sentimento. É um doloroso feliz unir-se ao Cristo que Se oferece ao Pai pelo mundo. 
Caminhar com a mesma alegria 
Participar dos sofrimentos não significa viver triste e acabrunhado com a dor e as expectativas de sofrimentos. É um alegre consumir-se. O quarto domingo nos revela que a Paixão não foi um acaso. Jesus disse em outro lugar: “Devo receber um batismo, e como me angustio até que esteja consumado” (Lc 12,50). Batismo significa sua Paixão. Correspondemos a esse sentimento ao rezar na oração da missa: “Dai-nos por vossa graça caminhar com alegria na mesma caridade que levou o vosso Filho a entregar-se à morte no seu amor pelo mundo” (coleta). Esse amor de doação lhe dá uma alegria que supera a dor. O que mede o sacrifício da cruz não é a dor, mas o amor.

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