terça-feira, 2 de outubro de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Tens poder de curar-me”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
A lepra e o amor de Jesus.
               Jesus, enviado do Pai para conduzir todos à salvação, tem o poder de curar todos os males, como reconhece o leproso que lhe pede: “Se queres, tens o poder de me curar. Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele e disse ‘Eu quero, fica curado!’” (Mc 1,40-41). Tem o poder e a misericórdia. A narrativa da cura do leproso revela a extensão espiritual da missão de Jesus. Como pode curar o corpo tem também poder de realizar a cura espiritual do homem. O milagre explica sua missão e o modo de realizá-la. A leitura do livro do Levítico 13,1-2.44-46 é uma parte da legislação sobre a lepra e os cuidados para não se disseminar a doença. As conseqüências sociais e religiosas são muito pesadas para a pessoa: deveria sair do convívio da comunidade social e religiosa. Era impuro. Estava excluído da vida religiosa. Era impuro também espiritualmente. Quem o tocasse também tornava-se impuro. “Por isso Jesus, depois de tocá-lo, ficou impuro e não podia entrar publicamente numa cidade. Ficava fora, em lugares desertos” (45). Lembra o texto: Ele assumiu nossas dores, carregou sobre si nossos pecados (1Pd 2,24).  Jesus se exclui por assumir a condição do leproso. É a imagem o Servo de Javé que se concretiza Nele. A imagem da lepra é usada para o pecado. Jesus tem o método da aproximação das pessoas para realizar a cura, estando nelas e com elas. Esse milagre mostra que a ressurreição que atinge o homem todo e modifica as estruturas. O texto mostra que as pessoas assumem sua atitude e vão procurá-lo superando a lei discriminatória. Enquanto não assumirmos a vida das pessoas em nossas pastorais, não nos comunicamos e discriminamos.
A lepra do pecado
               O sacramento da Penitencia é a presença memorial da compaixão que Jesus sente pelo leproso e todos os sofredores. Este sacramento passou por muitas fases em sua história. Há ainda dificuldades para compreendê-lo e administrá-lo. Para restaurar a vitalidade deste sacramento é necessária a consciência do pecado. Para que isso aconteça é preciso a consciência do Deus que ama e foi deixado de lado. Confissão é a análise da própria vida diante de Deus e das pessoas com a disposição imprescindível de modificar os caminhos. Isto é a conversão. Insiste-se na necessidade da confissão, mas não há catequese e evangelização suficientes para perceber seu valor. O pecado não pode ser um aliado de nosso dia a dia. É uma lepra e podemos dizer como o leproso: “Tens poder de curar-me”. É necessário crer num relacionamento sempre novo com Deus e com as pessoas. O salmo 31 descreve a dinâmica do pecado em nós e o caminho para sairmos desta situação.
Procuro agradar a todos
               Paulo ensina como viver num permanente contato com Deus “Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1Cor 10,31). Sair de si é a profilaxia da lepra espiritual. Como ensina Pedro, “a caridade cobre a multidão de pecados” (1Pd 4,8). Insiste na vida de relacionamentos. O apóstolo é claro: “Fazei como eu que procuro agradar a todos em tudo, não buscando o que é vantajoso para mim, mas o que é vantajoso para todos, a fim de que sejam salvos” (33). A oração da missa pede esse modo de viver: “Dai-nos viver de tal modo, que possais habitar em nós” (Oração). O resultado é a eterna recompensa: “O sacrifício eucarístico nos purifique e renove e seja fonte de eterna recompensa para os que fazem vossa vontade”(oferendas). Uma “missa de cura” é aquela que muda nosso coração para o serviço. Para além disso, é folclore.
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