Jesus, enviado
do Pai para conduzir todos à salvação, tem o poder de curar todos os males,
como reconhece o leproso que lhe pede: “Se queres, tens o poder de me curar.
Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele e disse ‘Eu quero, fica
curado!’” (Mc 1,40-41). Tem o poder e
a misericórdia. A narrativa da cura do leproso revela a extensão espiritual da
missão de Jesus. Como pode curar o corpo tem também poder de realizar a cura
espiritual do homem. O milagre explica sua missão e o modo de realizá-la. A
leitura do livro do Levítico 13,1-2.44-46 é uma parte da legislação sobre a
lepra e os cuidados para não se disseminar a doença. As conseqüências sociais e
religiosas são muito pesadas para a pessoa: deveria sair do convívio da
comunidade social e religiosa. Era impuro. Estava excluído da vida religiosa.
Era impuro também espiritualmente. Quem o tocasse também tornava-se impuro.
“Por isso Jesus, depois de tocá-lo, ficou impuro e não podia entrar
publicamente numa cidade. Ficava fora, em lugares desertos” (45). Lembra o
texto: Ele assumiu nossas dores, carregou sobre si nossos pecados (1Pd
2,24).
Jesus se
exclui por assumir a condição do leproso. É a imagem o Servo de Javé que se
concretiza Nele. A imagem da lepra é usada para o pecado. Jesus tem o método da
aproximação das pessoas para realizar a cura, estando nelas e com elas. Esse
milagre mostra que a ressurreição que atinge o homem todo e modifica as
estruturas. O texto mostra que as pessoas assumem sua atitude e vão procurá-lo
superando a lei discriminatória. Enquanto não assumirmos a vida das pessoas em
nossas pastorais, não nos comunicamos e discriminamos.
A lepra do
pecado
O sacramento da
Penitencia é a presença memorial da compaixão que Jesus sente pelo leproso e
todos os sofredores. Este sacramento passou por muitas fases em sua história.
Há ainda dificuldades para compreendê-lo e administrá-lo. Para restaurar a
vitalidade deste sacramento é necessária a consciência do pecado. Para que isso
aconteça é preciso a consciência do Deus que ama e foi deixado de lado.
Confissão é a análise da própria vida diante de Deus e das pessoas com a
disposição imprescindível de modificar os caminhos. Isto é a conversão.
Insiste-se na necessidade da confissão, mas não há catequese e evangelização
suficientes para perceber seu valor. O pecado não pode ser um aliado de nosso
dia a dia. É uma lepra e podemos dizer como o leproso: “Tens poder de
curar-me”. É necessário crer num relacionamento sempre novo com Deus e com as
pessoas. O salmo 31 descreve a dinâmica do pecado em nós e o caminho para
sairmos desta situação.
Procuro agradar
a todos
Paulo ensina
como viver num permanente contato com Deus “Quer comais, quer bebais, quer
façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1Cor
10,31).
Sair de si é a profilaxia da lepra espiritual. Como ensina Pedro, “a caridade
cobre a multidão de pecados” (1Pd 4,8). Insiste na
vida de relacionamentos. O apóstolo é claro: “Fazei como eu que procuro agradar
a todos em tudo, não buscando o que é vantajoso para mim, mas o que é vantajoso
para todos, a fim de que sejam salvos” (33). A oração da
missa pede esse modo de viver: “Dai-nos viver de tal modo, que possais habitar
em nós” (Oração). O resultado é a eterna
recompensa: “O sacrifício eucarístico nos purifique e renove e seja fonte de
eterna recompensa para os que fazem vossa vontade”(oferendas). Uma “missa de
cura” é aquela que muda nosso coração para o serviço. Para além disso, é
folclore.
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