O Papa Francisco
continua em sua Exortação Apostólica “Gaudete et Exultate”, ensinando-nos a ser
santos. Seu ensinamento é biográfico. Ele chama a atenção a dois perigos na
espiritualidade. Perigos e inimigos que destroem tanta boa vontade: O gnosticismo e o pelagianismo. São
nomes difíceis e desconhecidos. “São duas heresias que surgiram nos primeiros
séculos do cristianismo, mas continuam a ser de alarmante atualidade. Ainda
hoje os corações de muitos cristãos, talvez inconscientemente, deixam-se
seduzir por estas propostas enganadoras” (GE 35). São dois modos de
agir diferentes que pensam só humanamente, disfarçando a verdade católica. Os resultados
mostram a raiz do mal. “Estas duas formas de segurança doutrinária ou
disciplinar, que dão origem a um elitismo narcisista e autoritário, no qual, em
vez de evangelizar, se analisam e classificam os demais e, em vez de facilitar
o acesso à graça, consomem-se as energias a controlar esta graça. Em ambos os
casos, nem Jesus Cristo, nem os outros interessam verdadeiramente” (GE 35). Meio complicado, mas vemos que, mesmo na espiritualidade, na devoção,
nas rezas pode haver procedimentos errados que as pessoas fazem como sendo
muito bons. E não se aceita correção. Vemos quase dois mil anos de caminhos
espirituais que não produziram muito fruto.
2095. O gnosticismo atual
O Papa explica como funciona esse
erro: “O gnosticismo supõe uma fé fechada no subjetivismo,
no qual apenas interessa uma determinada experiência ou uma série de
raciocínios e conhecimentos que supostamente confortam e iluminam, mas, em
última instância, a pessoa fica enclausurada em si mesma, em sua própria razão
ou em seus sentimentos” (GE 36). E chama isso de “Uma mente sem Deus e sem carne”.
Por que? Santidade não é o quanto conheço, mas o quanto amo. Mede-se o grau de
amor e caridade. É necessário conhecer muito, mas a santidade não está no que
se conhece, como a dizer: ‘Quem não tem conhecimento, não tem santidade’. Vai
mais além ainda na compreensão de Jesus Cristo. Não há interesse pela
encarnação e sofrimento de Cristo, sobretudo quando temos que vê-lo nos outros.
O Papa usa uma expressão até cômica: “Ao desencarnar o mistério, em última
análise preferem “um Deus sem Cristo, um Cristo sem Igreja, uma Igreja sem povo”
(GE 37). Não está falando dos que vivem fora da Igreja. Há muitos estudiosos
cristãos que vivem essa teoria. Evangelho não é teoria. Não basta saber muito para
ter já santidade. Por isso encontramos tantos estudiosos que não têm fé. Se não
for uma santidade do ser humano como um todo não corresponde ao evangelho. Não
podemos ter medo da reflexão sobre a fé, sobre a Palavra de Deus, sobre a
Igreja. A nós foi dado aprofundar sempre mais o conhecimento das riquezas que
recebemos de Deus para aprofundar as riquezas da vida cristã e ensiná-la com
verdade.
Não é preciso ter medo da santidade.
Ela não diminui o ser humano, não tira a alegria nem as forças de viver. Ela
pode ser vivida em qualquer situação do ser humano. Ela pode levar a pessoa à
plena realização e maturidade, libertando-a do que a faz menos humano, mesmo
quando os outros não nos tratam como ser humano. O Papa cita o caso de S. Bakhita
que foi feita escrava aos sete anos e sofreu muito (GE 32). A santidade não é um empecilho à natureza humana, mas a torna mais
útil e fecunda ao mundo. “A santidade não te torna menos humano, porque é o
encontro da tua fragilidade com a força da graça” (GE 34).
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