Na casa de Cornélio, Pedro disse que Jesus “passou entre nós fazendo o
bem e curando todos os que estavam em poder do diabo, porque Deus estava com
Ele” (At 10,38).
Ao definir sua missão, Jesus se dá o nome de bom Pastor. Não bom por ser bom,
mas porque dá a vida pelas ovelhas. João, em seu Evangelho, explica essa
missão: Dar a vida, defender do lobo que ataca e dispersa. Seu relacionamento
com as ovelhas é de conhecimento na mesma intensidade do conhecimento que tem
do Pai, pois é conhecimento de acolhimento e de entrega. O amor que tem para
com o Pai é o mesmo que tem para com suas ovelhas. Sua missão nasce do amor que
o Pai nos tem e pelo qual nos chama de filhos. Vivendo no amor do Pai dá a vida
pelo rebanho e personaliza essa doação por cada ovelha. O amor doado em sua
entrega é a energia que O move a realizar sua obra. Este amor não é fruto de
sentimento nem de uma doutrina, mas é a própria comunhão de amor entre o Pai e
o Filho. Temos o conhecimento pela fé que se concretiza pelo amor. A força de
união do rebanho está nesse amor. Por isso Jesus convida a segui-Lo tomando a
cruz (Mt 10,38).
Não chama a estar com Ele só no sofrimento, mas também na glória. Diz ainda:
Onde eu estiver ali estará também o meu discípulo (Jo 18,24). “Dou minha vida para recebê-la
novamente” (Jo 10,18).
A entrega é a razão pela qual o Pai O ressuscita. Podemos ter certeza que só
seremos bons pastores do povo de Deus, se tivermos uma vida entregue pelo amor.
Não há redenção sem cruz. Esse conhecimento se estende a outras ovelhas que
querem também ser amadas por Deus através de nós. É o amor universal como teve
Jesus. Sua missão foi sua entrega a toda humanidade. A terna imagem do Bom
Pastor não tira a dureza do sofrimento do cordeiro mudo levado ao matadouro.
Conhecer
pelo amor
Temos
dois tipos de conhecimento de Deus: conhecimento pela inteligência da fé e o
conhecimento pelo amor. Não se separam, mas os vemos separadamente. A fé é a
adesão à pessoa de Jesus. O conhecimento pelo amor é o que estabelece a
experiência do Senhor: “Provai e vede como o Senhor é bom” (Sl 34,8). Jesus afirma: “Conheço minhas ovelhas e elas
Me conhecem, assim como o Pai Me conhece e Eu conheço o Pai” (Jo 10,14). É a força
criadora do verbo conhecer na Sagrada Escritura. Refere-se também à união para
a geração de uma nova vida. Por isso Jesus é o bom pastor porque dá a vida por
suas ovelhas (15).
Toda obra da redenção se faz na dinâmica do amor que conhece. Lembremos da
aparição de Deus a Moisés quando pastor das ovelhas de Jetro: “Eu vi o
sofrimento de meu povo no Egito e ouvi seus clamores por causa de seus
opressores. Sim, Eu conheço seus sofrimentos” (Ex 3,7). A redenção se apoia no amor de Deus
que conhece o que há no coração do homem. Jesus conhece o sofrimento e leva o
amor ao extremo (Jo
13,1).
Pedra
angular
Pedro
em suas palavras aos chefes explica que o paralítico foi curado pelo nome de
Jesus. Ele é a pedra que vós, os construtores, desprezastes e se tornou a pedra
angular. Em nenhum outro há salvação. Só por ele podemos ser salvos (At 4,10-11). Tudo é
obra de sua misericórdia (Sl
117). Vivendo o tempo pascal rezamos na liturgia de hoje pedindo que
sejamos conduzidos à comunhão das alegrias celestes (oração), e as ovelhas, redimidas pelo
Sangue de Cristo, vivam nos prados eternos. Cada liturgia é um encontro com o
Pastor que nos estimula a segui-lo até a cruz para chegar a sua Ressurreição.
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