Evangelho segundo São Lucas 13,22-30.
Naquele tempo, Jesus dirigia-Se para Jerusalém e ensinava nas cidades e aldeias por onde passava.
Alguém Lhe perguntou: «Senhor, são poucos os que se salvam?». Ele respondeu:
«Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque Eu vos digo que muitos tentarão entrar sem o conseguir.
Uma vez que o dono da casa se levante e feche a porta, vós ficareis fora e batereis à porta, dizendo: ‘Abre-nos, senhor’; mas ele responder-vos-á: ‘Não sei donde sois’.
Então começareis a dizer: ‘Comemos e bebemos contigo, e tu ensinaste nas nossas praças’.
Mas ele responderá: ‘Repito que não sei donde sois. Afastai-vos de mim, todos os que praticais a iniquidade’.
Aí haverá choro e ranger de dentes, quando virdes no reino de Deus Abraão, Isaac e Jacob e todos os Profetas, e vós a serdes postos fora.
Virão muitos do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e sentar-se-ão à mesa no reino de Deus.
Há últimos que serão dos primeiros e primeiros que serão dos últimos».
Tradução litúrgica da Bíblia
São Leão Magno (?-c. 461)
papa, doutor da Igreja
3.ª homilia para a Epifania
«Virão muitos do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e sentar-se-ão à mesa no reino de Deus»
Nos últimos tempos (1Pe 1,20), Deus, na sua bondade misericordiosa, quis vir em socorro do mundo que perecia e decidiu que a salvação de todas as nações se faria em Cristo. [...] Foi por elas que Abraão recebeu outrora a promessa de uma descendência inumerável, não gerada pela carne, mas pela fé. E esta geração é comparada à multidão das estrelas do céu (Gn 15,5), porque do pai de todas as nações não é esperada uma posteridade terrena, mas celeste. [...]
Portanto, que «entre a totalidade das nações» (Rom 11,25), que todos os povos entrem na família dos patriarcas. Que os filhos da promessa recebam a bênção da raça de Abraão (Rom 9,8). [...] Que todas as nações da Terra venham adorar o Criador do universo. Que Deus não seja conhecido unicamente na Judeia, mas em todo o mundo, e que em toda a parte «o seu nome seja grande como em Israel» (Sl 75,2). [...]
Irmãos, instruídos nestes mistérios da graça divina, em espírito de alegria, celebremos o chamamento das nações. Demos graças ao Deus da misericórdia «que nos chama a tomar parte na herança dos santos, na luz divina. Ele nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o reino do seu amado Filho» (Col 1,12-13). Como anuncia o profeta Isaías [...], «hão de invocar-Te nações que não Te conheciam; povos que Te ignoravam acorrerão a Ti» (55,5). Abraão viu esse dia e rejubilou (Jo 8,56) quando soube que os seus filhos segundo a fé seriam abençoados na sua descendência, isto é, em Cristo. Na fé, viu-se «pai de uma multidão de povos» e «deu glória a Deus, plenamente convencido de que Ele tinha poder para realizar o que havia prometido» (Rom 4,18-21).
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