sábado, 27 de outubro de 2018

EVANGELHO DO DIA 27 DE OUTUBRO

Evangelho segundo São Lucas 13,1-9. 
Naquele tempo, vieram contar a Jesus que Pilatos mandara derramar o sangue de certos galileus, juntamente com o das vítimas que imolavam. Jesus respondeu-lhes: «Julgais que, por terem sofrido tal castigo, esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos do mesmo modo. E aqueles dezoito homens, que a torre de Siloé, ao cair, atingiu e matou? Julgais que eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos de modo semelhante. Jesus disse então a seguinte parábola: «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas não os encontrou. Disse então ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira e não os encontro. Deves cortá-la. Porque há de estar ela a ocupar inutilmente a terra?’ Mas o vinhateiro respondeu-lhe: ‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo. Talvez venha a dar frutos. Se não der, mandarás cortá-la». Tradução litúrgica da Bíblia 
Santo Agostinho (354-430) 
bispo de Hipona (norte de África), 
doutor da Igreja 
Confissões, livro 8 
Responder ao apelo de Deus e converter-se 
Elas prendiam-me, aquelas velhas amigas, aquelas bagatelas de bagatela, vaidades de vaidade! Mansamente, puxavam-me pela veste de carne e murmuravam em voz baixa: «Queres mandar-nos embora? Deixa-te disso! Quando deixarmos de estar contigo, já não te será permitido fazer isto, ou aquilo». Oh! o que elas me sugeriam, meu Deus! [...] Eu hesitava em as afastar, em saltar para onde Tu me chamavas; os maus hábitos diziam-me, tirânicos: «Julgas que poderás viver sem elas?» Mas a sua voz já era fraca, porque, do lado para onde eu voltava a cara e receava passar, a casta dignidade da continência convidava-me, nobre e graciosamente, a avançar sem receio, mostrando-me uma multidão de bons exemplos: [...] «Foi o Senhor seu Deus que me entregou a eles. Porque te hás de apoiar em ti mesmo, se não te aguentas em pé? Lança-te nos seus braços, não tenhas medo. Ele não Se vai afastar para que caias. Lança-te sem receio; ele te receberá e curará». [...] Esta disputa no meu coração era uma luta de mim contra mim mesmo. [...] Quando o meu olhar conseguiu por fim retirar do fundo do meu coração todas as minhas misérias, ergueu-se uma imensa tempestade de lágrimas. Para apaziguar a tormenta, levantei-me e saí. [...] Sem saber muito bem como, estendi-me debaixo de uma figueira e abandonei-me completamente às lágrimas, que correram em cascata - sacrifício digno de Ti, meu Deus. E, sem poder conter-me, perguntei-Te: «E tu, Senhor, até quando? Até quando estarás irritado? Não guardes a lembrança das nossas antigas iniquidades» (Sl 6,4; 78,5). [...] E lancei gritos pungentes: «Quanto tempo mais? Quanto tempo? Amanhã, sempre amanhã. Porque não já?» [...] E eis que ouvi uma voz vinda da casa ao lado, uma voz de criança ou de donzela, que cantava e repetia: «Toma e lê! Toma e lê!» Nesse instante, voltei a mim e tentei lembrar-me se seria o refrão de algum jogo infantil; mas nada me vinha à memória. Reprimindo as lágrimas, levantei-me com a ideia de que o Céu me ordenava que abrisse o livro do apóstolo Paulo e lesse a primeira passagem em que os meus olhos se fixassem. [...] Voltei para casa à pressa, agarrei no livro e li a primeira coisa que vi: «Nada de comezainas e bebedeiras, nada de devassidão e libertinagens, nada de discórdias e invejas. Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo. Não vos entregueis às coisas da carne, satisfazendo os seus desejos» (Rom 13,13-14). Não valia a pena ler mais; já não era preciso. Mal acabei de ler aqueles linhas, uma luz de segurança derramou-se no meu coração e todas as trevas da minha incerteza se dissiparam.

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