Evangelho segundo São Lucas 12,54-59.
Naquele tempo, dizia Jesus à multidão: «Quando vedes levantar-se uma nuvem no poente, logo dizeis: ‘Vem chuva’; e assim acontece.
E quando sopra o vento sul, dizeis: ‘Vai fazer muito calor’; e assim sucede.
Hipócritas, se sabeis discernir o aspeto da terra e do céu, porque não sabeis discernir o tempo presente?
Porque não julgais por vós mesmos o que é justo?».
E acrescentou: «Quando fores com o teu adversário ao magistrado, esforça-te por te entenderes com ele no caminho, para que ele não te arraste ao juiz e o juiz te entregue ao oficial de justiça e o oficial de justiça te meta na prisão.
Eu te digo: Não sairás de lá, enquanto não pagares o último centavo».
Tradução litúrgica da Bíblia
Santo Agostinho (354-430)
bispo de Hipona (norte de África),
doutor da Igreja
Sermão 109; PL 38,636
«Porque não sabeis discernir o tempo presente?»
Acabámos de escutar o evangelho em que Jesus critica aqueles que, sabendo reconhecer o aspeto do céu, não eram capazes de reconhecer o tempo em que urgia crer no Reino dos Céus. Era aos judeus que Ele o dizia, mas essa palavra também se dirige a nós. Ora, o próprio Senhor Jesus Cristo começou assim a sua pregação: «Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu» (Mt 4,17). João Batista, o Precursor começara da mesma forma: «Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu» (Mt 3,2). E agora o Senhor acusa-os de não se quererem converter, ainda que o Reino dos Céus esteja próximo. [...]
Só Deus sabe quando será o fim do mundo: seja quando for, o tempo da fé é hoje. [...] O tempo está próximo para todos nós, porque somos mortais. Caminhamos no meio de perigos. Se fôssemos de vidro, não os recearíamos tanto; com efeito, não há coisa mais frágil que um recipiente de vidro, e no entanto conservamo-lo e dura séculos, porque pode cair, mas não pode envelhecer nem ser atingido por uma febre. Mas nós somos mais frágeis e mais fracos que o vidro, e essa fragilidade faz-nos recear em cada dia todos os acidentes que são constantes na vida dos homens. E se não houver acidentes, continua a existir o tempo que avança. O homem evita os choques; poderá evitar a sua última hora? Ele evita o que vem do exterior; poderá extirpar o que nasce no seu interior? Por vezes, é subitamente dominado por uma doença. E, mesmo que tenha sido poupado toda a vida, quando a velhice por fim chega, não há adiamento possível.
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