Iniciamos um tempo novo, com
esperanças novas. Vimos neste ano maior respeito pela justiça e pelo bem
público. Nem tudo será resolvido. A mudança de mentalidade já é um grande passo.
Continuamos o estudo do documento Evangelii Gaudium do Papa Francisco (Deus lhe
dê vida longa e fecunda). Entramos agora na reflexão na qual enumera muitos
problemas. O fato de mostrar os problemas, não é condenar, mas orientar para que
vivamos os preciosos dons que Deus nos concede através das pessoas. Por isso
reconhece os benefícios do progresso que, com sucesso, “contribuem para o bem
estar, por exemplo, no âmbito da saúde, da educação, e da comunicação”. Lembra
também os avanços no progresso científico, na tecnologia e na informação. Por
outro lado enumera entre os desafios de nosso tempo que grande parte dos homens
e das mulheres vive precariamente. Aumentam as doenças, o medo, o desespero, a
violência e a desigualdade social. Mesmo as nações ricas não escapam de
sofrimentos. Vimos o que aconteceu nas duas grandes guerras mundiais e nas
guerras localizadas que não terminam. Pior agora com o aumento do radicalismo
de grupos religiosos. Quem sofre? Todos, sobretudo os pequenos e mais frágeis.
Esses males têm sua origem na desigualdade social. O Papa acentua o respeito
pela pessoa humana. Anota que devemos dizer “não a uma economia da exclusão e
da desigualdade social” (53). Com tristeza
diz: “Não é possível que a morte de um idoso sem abrigo não seja notícia,
enquanto é notícia a descida de dois pontos na bolsa de valores. Isto é
exclusão”. Lembremos a parábola do rico
e do pobre Lázaro. Se a pessoa não é valor fundamental, a que servem as outras
coisas?
1517. Ninguém fique por fora
“Hoje, tudo
entra no jogo da competitividade e da lei do mais forte, onde o poderoso engole
o mais fraco. Em consequência desta situação, as grandes massas da população são
excluídas e marginalizadas: sem trabalho, sem perspectiva, num beco sem
saída... o ser humano é descartável”. É a exclusão. Não há crescimento para
todos, quando só alguns crescem. Lendo a história vemos que há sempre um grupo
de poder e de dinheiro e o resto se arrasta. As desgraças do povo são notícias até
terminar o noticiário. Passam os dias, a notícia sai do ar, mas os sofrimentos
continuam. O sofrimento virou espetáculo. Quem não sente dor por esses males já
deixou de ser humano. O Pontífice usa um termo novo: “Globalização da
indiferença”. Diz ainda: “Quase sem nos dar conta, tornamo-nos incapazes de nos
compadecer ao ouvir os clamores alheios, já não choramos à vista dos dramas dos
outros nem nos interessamos por cuidar deles” (54). Lembramos que
Caim disse: “Acaso sou guarda de meu irmão?” (Gn 4,9). Jesus pensou e
agiu diferente. É a mudança.
1518. O troco virou patrão.
Aceitamos o domínio do dinheiro
sobre nós e sobre a sociedade. Os problemas do mundo não são financeiros. São
antropológicos diz o Papa: “Negam a primazia do ser humano”(55). Não é
necessário colocar Deus como centro, pois ao se respeitar o ser humano, já está
adorando a Deus. Dizia Santo Irineu: “A glória de
Deus é o homem vivo, e a vida do homem é a visão de Deus” (S. Irineu – Sec. II). Estamos criando novos
bezerros de ouro. Já é uma boiada. “É uma ditadura da economia sem rosto, sem
um objetivo verdadeiramente humano” (55).
Vemos que o mal invade todos os segmentos da sociedade. O que era um serviço ao
bem de todos se tornou o dono, o patrão e o escravizador. Jesus ensinou a usar
bem o dinheiro para o bem dos outros e assim conquistar o Reino (Lc 16,9).
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