sexta-feira, 14 de setembro de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “EPIFANIA DO SENHOR”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA-REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
A glória do Senhor brilha sobre nós! 
Estamos no ciclo na Manifestação do Senhor iniciado no Natal. É uma única celebração em diversos tempos, lembrando que Cristo veio para todos: pastores, Magos, povo judeu e discípulos que são representantes de todos. Ninguém fica fora da luz de Deus manifestada em Cristo. Os Magos representam todos os povos. Esta narrativa da vinda dos Magos a Jerusalém realiza a profecia: “Os povos caminham à tua luz” (Is 60,3). A luz é a glória do Senhor que se manifesta (2). Eles vieram seguindo um astro, como profetizou Balaão, profeta pagão (Nm 24,17). O coração aberto é sempre iluminado por Deus. Estes homens souberam usar sua ciência e sabedoria para conhecer os desígnios de Deus. Paulo faz a revelação que “todos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho” (Ef 3,5). A piedade cristã viu nesses homens sábios, os Magos, todas as raças em busca do único Salvador que é a Luz que ilumina todas as nações. O evangelho não pertence a uma cultura. Ainda hoje há fechamento da Igreja e de grupos cristãos que impõem um modo de viver o evangelho. Papa Francisco tem insistido muito nessa abertura a todos. Não só abertura, mas sair e ir ao encontro não para impor, mas mostrar as riquezas da redenção. O maior testemunho é a alegria de crer. Os Magos, ao chegarem onde estava o Menino, alegraram-se com uma alegria muito grande, como diz o texto original. Abriram seus presentes e lhe deram ouro, incenso e mirra, reconhecendo sua realeza, sua Divindade e sua humanidade. Antes de abrir os tesouros, já haviam aberto seus corações. 
Iluminar com a luz de Cristo 
O profeta Isaias diz a Jerusalém: “Levanta-te, acende tuas luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor!” (Is 60,1). O Novo Testamento proclama a Encarnação do Verbo como luz, como nos diz João: “Nele estava a Vida e a vida era a luz dos homens e a luz brilha nas trevas, mas as trevas não acolheram” (Jo 1,4). A encarnação do Filho de Deus é vista como iluminação da inteligência para compreender e da vontade para encontrar os caminhos. Não há trevas em Deus. Não há mistério que não seja acessível a todos. O Reino é aberto a todos. Recusar a luz é ver com as trevas e Jesus completa: “Vê bem se a luz que há em ti não é treva” (Lc 11,35). Diante da luz de Cristo, os Magos voltaram por outro caminho (Mt 2,12). Herodes não se deixou iluminar. Se nossas autoridades acolhessem mais a luz de Jesus, o mundo seria diferente. 
Evangelizando sempre 
Paulo estimula a evangelização dos povos. Vemos na história que o fechamento às culturas fez a Igreja perder campos imensos de evangelização, como foi o caso da China no século XVIII. Evangelizar é mostrar a boa nova e não impor um modo próprio de viver a fé. Os Magos voltaram para sua terra iluminados por Cristo para levar a boa notícia de terem seguido a estrela e terem encontrado a Luz. A evangelização, como nos ensinam os documentos da Igreja da América Latina acolhe as muitas devoções que se formaram no correr dos séculos, muito próximas da compreensão e cultura do povo. No tempo do Natal temos as folias de Reis que traduzem o mistério do Natal, o proclamam-no e o celebram na fraternidade. É a fé vivida fora das igrejas, no meio do povo. Há movimentos e seitas que recusam esse modo popular. Jesus não recusou o judaísmo e suas tradições, mas levou à plenitude. A religiosidade popular é um tesouro da Igreja. 

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