PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA-REDENTORISTA 50 ASNO CONSAGRADO |
Encheu-se
de compaixão
A compaixão de
Jesus é expressão completa para compreender sua pessoa e missão. É também o
modelo pastoral mais fecundo para assumirmos a missão que nos dá. O milagre da
multiplicação exprime essa realidade. Deus no Antigo Testamento revela-se como
misericórdia e compaixão. Isaias escreve para confortar o povo que sofria
necessidades quando voltou à terra de Israel depois do exílio. Havia dificuldades
e desesperança. Ensina que Deus vai manter as promessas feitas a Davi. Mais que
um bem material, o profeta indica o Senhor como solução: “Inclinai vosso ouvido
e vinde a Mim, ouvi e tereis vida” (Is 55,3). Jesus encontra
a mesma situação. O povo O procurava porque tinha profunda necessidade de vida
e tinha sede de Deus. O milagre da multiplicação é sinal da redenção que é para
todos e em abundância. A compaixão era experiência que o povo tinha de Deus.
Assim rezamos no salmo: “Misericórdia e piedade é o Senhor, Ele é amor, é
paciência, é compaixão. O Senhor é muito bom para com todos; sua ternura abraça
toda criatura... Vós lhes dais no tempo certo o alimento; abris a mão
prodigamente e saciais todo ser vivo com fatura (Sl
144,8-9.15-16).
Jesus, ao dizer dai-lhes vós mesmos de
comer, está nos entregando uma missão. Deus fará milagres através dos que
são movidos pela mesma compaixão. Compaixão não é sinônimo de sentimento de dó,
mas é a atitude que resolva a situação. A parábola do bom samaritano que deu
assistência completa ao homem é realizada por Jesus que é o samaritano que
assumiu nossas dores. Os que esperam em Deus terão solucionadas suas questões
quando encontrarem os que vivem o Evangelho de Jesus. O homem atual pode morrer
de fome vivendo na saciedade porque não tem a fome de Deus nem a compaixão
pelos que sofrem. Dar esmola para acalmar a consciência e ser ver livre, não é
o projeto da compaixão de Jesus. Não é caridade. É preciso ir à solução.
Todos
em Vós esperam
A celebração de
hoje é um grito de angústia. Deus é resposta. Ele não é um quebra galhos. Jesus
é a resposta de Deus a essa dor. Fomos colocados, pela fé em Jesus, como
resposta às necessidades de bilhões de pessoas. Há muito sofrimento por todo
lado. Infelizmente fechamos os ouvidos com nossas pequenas coisas. A partir do
momento em que assumirmos a fé, “nada será capaz de nos separar do amor de Deus
por nós, manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm
8, 9).
A Palavra de Deus será o guia para irmos além da pura ação social para seguir o
projeto de Jesus, como lemos na aclamação ao Evangelho: “O homem não vive
somente de pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt
4,4b).
Não será com grandes projetos que daremos a solução, mas com gestos que nascem
do amor a Cristo. Não basta a fé, é preciso o amor que a justifique.
Nada
no separará do amor de Cristo
Como na parábola
do semeador, colocamos muitos empecilhos à germinação da Palavra em nós. Quem
entregou sua vida ao Cristo e seu Evangelho, tem a capacidade de fazer grandes
coisas pelo Reino. A grandeza se mede pelo amor que temos. Os pequenos gestos
são como os pequenos grãos que fazem as montanhas. A força será maior quando
unidos em comunidade caminhamos na mesma direção. Não se trata de grandes
realizações, mas da união de todos no amor de Cristo que supera todo obstáculo
e suporta as adversidades. Ao celebrarmos a Eucaristia realizamos essa verdade.
Orientados pela Palavra construímos a união com nossos pequenos gestos. O Reino
de Deus cresce.
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