PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA-REDENTORISTA 50 ANOS CONSAGRADO |
A
paz esteja convosco
O centro da liturgia de hoje é a profissão
de fé de Tomé: “Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20,28). No apóstolo
descrente encontramos todo homem que tem dificuldades de acolher a proposta de
Jesus. Ele aparece aos discípulos no primeiro dia da semana, que simboliza o
primeiro dia da nova criação. Jesus se faz presente como o Homem Novo ressuscitado.
E diz: A paz esteja convosco. É uma saudação habitual. Nesse momento, contudo,
adquire um sentido novo: É a sua paz, como disse na Ceia (Jo
14,27),
a salvação total, o repouso em Deus. Soprando sobre os discípulos faz o homem
novo como fizera Deus ao primeiro homem, Adão. Soprando em suas narinas, dá-lhe
o hálito de vida (Gn 2,7). Agora é o hálito Divino que faz
os discípulos novas criaturas. Jesus doa o Espírito Santo para a remissão
total. Ele nos redimiu e o Espírito Santo atua em nós a redenção, como rezava a
antiga liturgia romana: “O Espírito é nossa Redenção”. Esta remissão traz a
paz. Não é um perdão dado no escurinho a pecados ocultos, em voz baixa, numa
atitude intimista que tira a responsabilidade que o cristão tem pela paz e
redenção de todos. É mais cômodo. Deus veio para curar os males que estão vivos
e destruindo e seus filhos queridos, males inclusive que mataram seu Filho
querido. Tomé não aceitou o testemunho dos companheiros apóstolos. Ele quer um
Jesus físico que pode ser tocado como uma prova humana. Jesus se mostra e pede a
aceitação pela fé. Jesus dá a Tomé a demonstração que nós somos felizes por
crermos sem ter visto (Jo 20,29). Dizemos com
ele: “Meu Senhor e meu Deus!”. Está é a fé completa, dom do Espírito Santo. A
ela todos são chamados.
Comunidade,
ninho da fé.
O ato de fé constrói a Igreja,
pois une “num só coração e numa só alma” (At 4,32) os que creem. A
nova criação se concretiza na vida da comunidade com as dimensões de fé,
fraternidade, Palavra de Deus e Eucaristia. É Espírito Santo que a anima gerando
o Shalom de Deus, o tempo novo no qual todas as coisas são renovadas (Ap
21,5).
Modo de viver a fé na comunidade é o primeiro evangelho escrito com fé e amor
da comunidade. Ela é o primeiro testemunho que impressionava o povo. Ser um só
coração e uma só alma chegava ao concreto colocando os bens em comum (sonho
dourado que não se vê realizar). O testemunho da comunidade era uma pregação
constante: “Vede como se amam!” diziam os pagãos. Os requisitos para uma
comunidade ser apostólica é a frequência ao ensinamento do Evangelho. Os
apóstolos o faziam diretamente. Não havia ainda o texto. O segundo elemento é a
Eucaristia, chamada de Fração do Pão, elemento fundamental do domingo. Os
cristãos da Bitínia diziam: não podemos viver sem o domingo. Por este gesto
reconhecemos o Cristo e aprendemos a viver na fraternidade como as refeições em
comum. Era uma comunidade de oração. O contato com Deus em Cristo é
fundamental.
Frutos
da fé.
São Pedro bendiz a Deus Pai por
sua misericórdia que, “pela Ressurreição de Jesus nos fez renascer para uma
esperança viva, para uma herança incorruptível reservada a nós nos céus”. Pela
fé temos a vida eterna. O sofrimento que Pedro já sofria e via os cristãos
sofrerem pela perseguição não destruía sua fé. Pedro elogia nossa fé: “Sem ter
visto O Senhor vós O amais. Sem o ver ainda, nele acreditais. Isso será uma
fonte de alegria, pois obtereis aquilo em que acreditais: a vossa salvação” (1Pd
1,8-9).
Não vemos o Ressuscitado, mas O amamos. Celebramos o Tempo Pascal bebendo desta
fonte.
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