PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO |
Ouvem a voz do Pastor
O
livro dos Atos dos Apóstolos relata as primeiras conversões que aconteceram a
partir do anúncio feito por Pedro. A conversão é obra de Deus. Ouvindo a voz do Pastor, passa-se pela porta.
A figura do pastor é fundamental no Antigo Testamento. Quando Jesus diz: “Eu
sou o bom pastor” está se revelando não só como o pastor do povo, mas
identificando-se com o próprio Deus que declarou seu nome a Moisés: “Eu Sou”
(JHVH - יהיה– Senhor
(Kýrios). No decorrer da história, este Deus Único, se revelou como Aquele que
se fez Pastor, pois caminha com bondade com seu rebanho para a pátria, como
vemos no êxodo do Egito e no retorno do exílio (Is 40,11). O relacionamento ovelha-pastor se funda no
conhecimento. Deus tem o rebanho como propriedade, não de poder, mas de aliança,
ressaltando sua fidelidade. Um elemento novo na reflexão sobre o pastor é a
relação de necessidade de entrar no redil por meio Dele que é a Porta, a
passagem. Ninguém vai ao Pai senão por mim, afirma. Diz: “Eu sou a Porta”. Vemos
aí afirmada sua Divindade. Mostra que Jesus, como Deus, dá acesso à Vida, como
para a ovelha é a água e a verde pastagem (Sl 22). Em Jesus não há obstáculo para o encontro com o
Pai. As orações da liturgia de hoje falam das alegrias celestes (oração) e prados eternos (pós-comunhão), símbolo da vida de ressuscitados com Jesus que dá
a vida em abundância (Jo 10,10).
O Bom Pastor deu a Vida. Por isso é a Porta. Quem passa por esta Porta entra
para a vida abundante. Quem se põe no lugar de Jesus é o assaltante que vêm
para matar, roubar e destruir o bom povo. A esses as ovelhas do Pai não seguem,
porque não reconhecem a voz de um estranho (Jo 10,5)
Carregou nossos pecados
Na
reflexão sobre a Páscoa de Jesus que passou pela morte, compreendemos como foi
o perdão total da humanidade, como nos explica Pedro na segunda carta: “Sobre a
cruz carregou nossos pecados em seu próprio corpo, a fim de que, mortos para os
pecados, vivamos para a Justiça. Por suas chagas fomos curados” (1Pd 2,24). “Deus O fez pecado”, quer dizer, assumiu nosso
pecado como seu (2 Cor 5,21). S.
Afonso diz: “Jesus já pagou a penitência”. A abertura diante da Palavra do
apóstolo, sem obstáculo, leva à mudança do coração como um corte que o esvazia
pela conversão para viver o Batismo. É espada de dois gumes que divide entre a
alma e o espírito, isto é, entre o intelectual e o espiritual. Abre-se o espaço
para a conversão, permite entrada da graça de Cristo que conduz ao Batismo.
Pedro continua: “E recebereis do dom do Espírito Santo prometido” (2ªPd
2,38) que é Redenção, Santificação e
Divinização. A graça da Redenção é também participação nos sofrimentos de
Cristo, pois a perseguição já estava violenta. Pedro anima os cristãos a seguirem
Jesus também nos sofrimentos: “Também Cristo sofreu por vós deixando-vos o
exemplo para que sigais seus passos” (1Pd 2,21). Cristo não cometeu pecado e sofreu. O sofrimento
de quem crê, une-o à paixão redentora de Cristo.
A Páscoa nos renova
A
festa da Páscoa nos convida a uma permanente alegria, como rezamos: “Sempre nos
alegremos por estes mistérios pascais, para que nos renovem constantemente e
sejam fonte de eterna alegria” (Oferendas).
Suportar os sofrimentos rompe a espiral da violência que continua forte. A
imagem de Cristo ferido pela lança anima a abrir o coração ao conhecimento do
Pastor e passar a pela Porta que se abriu. A renovação pascal deve nos conduzir
a renovar todas as estruturas da Igreja e do mundo. Páscoa é mundo novo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário