terça-feira, 12 de junho de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Eu sou a porta das ovelhas”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO
Ouvem a voz do Pastor
               O livro dos Atos dos Apóstolos relata as primeiras conversões que aconteceram a partir do anúncio feito por Pedro. A conversão é obra de Deus.  Ouvindo a voz do Pastor, passa-se pela porta. A figura do pastor é fundamental no Antigo Testamento. Quando Jesus diz: “Eu sou o bom pastor” está se revelando não só como o pastor do povo, mas identificando-se com o próprio Deus que declarou seu nome a Moisés: “Eu Sou” (JHVH -  יהיה– Senhor (Kýrios). No decorrer da história, este Deus Único, se revelou como Aquele que se fez Pastor, pois caminha com bondade com seu rebanho para a pátria, como vemos no êxodo do Egito e no retorno do exílio (Is 40,11). O relacionamento ovelha-pastor se funda no conhecimento. Deus tem o rebanho como propriedade, não de poder, mas de aliança, ressaltando sua fidelidade. Um elemento novo na reflexão sobre o pastor é a relação de necessidade de entrar no redil por meio Dele que é a Porta, a passagem. Ninguém vai ao Pai senão por mim, afirma. Diz: “Eu sou a Porta”. Vemos aí afirmada sua Divindade. Mostra que Jesus, como Deus, dá acesso à Vida, como para a ovelha é a água e a verde pastagem (Sl 22). Em Jesus não há obstáculo para o encontro com o Pai. As orações da liturgia de hoje falam das alegrias celestes (oração) e prados eternos (pós-comunhão), símbolo da vida de ressuscitados com Jesus que dá a vida em abundância (Jo 10,10). O Bom Pastor deu a Vida. Por isso é a Porta. Quem passa por esta Porta entra para a vida abundante. Quem se põe no lugar de Jesus é o assaltante que vêm para matar, roubar e destruir o bom povo. A esses as ovelhas do Pai não seguem, porque não reconhecem a voz de um estranho (Jo 10,5)
Carregou nossos pecados
               Na reflexão sobre a Páscoa de Jesus que passou pela morte, compreendemos como foi o perdão total da humanidade, como nos explica Pedro na segunda carta: “Sobre a cruz carregou nossos pecados em seu próprio corpo, a fim de que, mortos para os pecados, vivamos para a Justiça. Por suas chagas fomos curados” (1Pd 2,24). “Deus O fez pecado”, quer dizer, assumiu nosso pecado como seu (2 Cor 5,21). S. Afonso diz: “Jesus já pagou a penitência”. A abertura diante da Palavra do apóstolo, sem obstáculo, leva à mudança do coração como um corte que o esvazia pela conversão para viver o Batismo. É espada de dois gumes que divide entre a alma e o espírito, isto é, entre o intelectual e o espiritual. Abre-se o espaço para a conversão, permite entrada da graça de Cristo que conduz ao Batismo. Pedro continua: “E recebereis do dom do Espírito Santo prometido” (2ªPd 2,38) que é Redenção, Santificação e Divinização. A graça da Redenção é também participação nos sofrimentos de Cristo, pois a perseguição já estava violenta. Pedro anima os cristãos a seguirem Jesus também nos sofrimentos: “Também Cristo sofreu por vós deixando-vos o exemplo para que sigais seus passos” (1Pd 2,21). Cristo não cometeu pecado e sofreu. O sofrimento de quem crê, une-o à paixão redentora de Cristo.
A Páscoa nos renova
               A festa da Páscoa nos convida a uma permanente alegria, como rezamos: “Sempre nos alegremos por estes mistérios pascais, para que nos renovem constantemente e sejam fonte de eterna alegria” (Oferendas). Suportar os sofrimentos rompe a espiral da violência que continua forte. A imagem de Cristo ferido pela lança anima a abrir o coração ao conhecimento do Pastor e passar a pela Porta que se abriu. A renovação pascal deve nos conduzir a renovar todas as estruturas da Igreja e do mundo. Páscoa é mundo novo.

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